sexta-feira, 6 de junho de 2014

Aprendizado

Já faz mais de uma semana que penso em escrever esse texto (procrastinar jamais???). Embora o blog PrimeiroKM fale (ou devesse falar) essencialmente sobre corrida de rua, vez por outra um assunto diferente se intromete nos textos. É o caso do título acima.
Participo de um grupo no meu bairro que faz um trabalho voluntário semanalmente. Nesta atividade, tenho a oportunidade de conhecer (conhecer mesmo) e conviver com muita gente. Uns calmos, uns agitados. Uns com dor, outros com ansiedade. Uns que não dormem, uns que não perdoam. Uns com dores e feridas pelo corpo, outros com dores e feridas na alma. Minha função lá é pequena, mas o serviço é bem feito e não é falta de modéstia dizer que muitas pessoas são ajudadas e aprendem a superar seus medos e dificuldades. Com cada um dos que por lá passam eu aprendo uma coisa. Já aprendi a me concentrar naquilo que quero; aprendi que é preciso ter sempre um objetivo na vida; tô aprendendo a olhar o outro com igualdade, tô aprendendo a ser solidário, a ter sonhos bonitos, a nunca desistir desses sonhos.
Aos poucos vou entendendo que não existe problema simples, que aquilo que para um é trivial, para outro é perturbador, aterrorizante. Através de seus problemas e seus questionamentos, essas pessoas têm me ensinado coisas tão distintas como amar muito a minha família e ser grato a Deus por ela; a controlar mais e cuidar melhor do meu dinheiro, gostar mais de mim mesmo, organizar minha vida de forma a não deixar as coisas importantes pra depois (décimo primeiro mandamento: "não procrastinarás!"),a  emagrecer...
Emagrecer!
Com a ajuda e tutoria da minha esposa (oi Eneida! Te amo!), perdi vários (varioSSS! - Afinal, 2 é plural, não é?!) quilos e ganhei... Confiança!
Sim, confiança! E é agora que esse texto vai ficar bom:
Um grande irmão meu, perguntaria ao ler esse texto: "emagrecer praquê?!" (quase posso ouvi-lo falando) Emagrecer para conseguir cumprir a melhor, maior, mais gostosa e mais desafiadora de todas as atividades que já ousei fazer nestes meus 47 anos de jornada: correr uma maratona!!!
Hoje eu me sinto leve, renovado, tranquilo. Tranquilo até demais! Preciso de um novo desafio, um GRANDE desafio. E, ao postar este texto, declaro para mim mesmo e para meus quatro leitores que tenho agora mais um objetivo: treinar duro durante os próximos 10 meses, me dedicar muito, preparar meu corpo e meu espírito para, em abril de 2015, vencer os 42KM da maratona de Santiago do Chile!
Só de escrever a última frase um arrepio percorre a minha espinha toda! Lembro das subidas, dos túneis e da exaustão na maratona do Rio em 2012. Mas assim que meu coração se acalma e recupero o fôlego, boas lembranças vêm também à mente: o público aplaudindo no morro do Vidigal, a música tocando alta nos túneis, a praia sem-fim... Ahhhh, a praia sem-fim! Ô coisa linda que é o mar do Rio! A minha família na linha de chegada (disso eu nunca vou esquecer)! O mastercard está certo: certas coisas não têm preço! (bom, talvez tenham: quatro passagens pro Chile e algumas diárias de hotel. Mas dá tempo de juntar dinheiro. Eu acho.).
Pra mim, correr uma maratona é o jeito mais concreto que existe de você dizer pra você mesmo que você está vivo, que há vida dentro de você! E vida boa! É a forma mais concreta de você traçar metas, traçar linhas para sua própria vida - para sua própria conduta - e se obrigar a cumpri-las.
Sei que, com a publicação desse post, hoje à noite haverá DR lá em casa. A Eneida e a Iza não são exatamente favoráveis à ideia e acham "totalmente desnecessário esse martírio", mas eu tenho minhas técnicas infalíveis de sedução hipnótica e sei que conseguirei convencê-las. Esse é o primeiro os muitos desafios que virão.
Já posso pensar em outros dois: convencer meu cardiologista que esse velho coração ainda pode bater enquanto corre por quase cinco horas, e... o pior de todos... ir ao urologista!
Uma coisa de cada vez. Como diz o esquartejador: - vamos por partes!
Para ajudar nos trabalhos de convencimento, peço-lhes, Eneida e Luíza, que assistam o video abaixo. Ele explica a minha paixão. 

Como diz o cara no final: "When you cross that finish line, it doesn't matter how sooner, no matter  how fast, you'll change your life - forever" (ao menos foi isso que meu inglês precário entendeu. Faz TODO sentido pra mim.)
Depois eu conto como foi o papo com a família!
É falow!
Post Scriptum: caso meu amigo de todas as horas, o Carlos Henrique e minha psicóloga consultora para assuntos pessoais, estratégicos, vitais e problemáticos, Juliana Hsieh – tenham tido a paciência de ler o texto até aqui, saibam que estão convidadíssimos a encararem comigo essa parada! E ai, topam?