sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Joelho de Ferro




Há dias bons. E há dias não tão bons.
Há dias ruins. E há dias péssimos!
Mas estou descobrindo aos poucos que, depois dos dias ruins sempre vêm os bons.

Como você certamente não faz a menor idéia do que este modesto autor - rei e mestre das corridas de rua - está falando, por favor, continue lendo:

O relógio do carro marcava 18horas da última sexta-feira. Era véspera de carnaval e o sujeitinho aqui retornava para casa após um dia árduo de trabalho. Faltando cinco quarteirões para chegar em casa, sou acometido pela síndrome do pânico inesperado: ouço um barulho alto e sinto um monte de cacos de vidro batendo na minha cara. De repente, tudo começa a girar à minha volta.
Naquele átimo, naquele ínfimo porém indelével instante, meu cérebro luta consigo mesmo na tentativa de explicar a situação e várias hipóteses são imediatamente levantadas:
- teria eu bebido demais fazendo o mundo girar? Impossível, posto que não bebo álcool;
- seria a alucinação fruto de drogas ilícitas que teriam colocado em meu almoço sem eu saber? possível, mas improvável (já que drogas não custam barato, por que diabos alguém colocaria uma coisa dessas justo no MEU almoço? E mais, eu almocei 3 horas antes! Burro!).
- estaria o mundo acabando, como nas previsões de Nostradamus? Bingo! Pelo menos para mim o mundo parecia realmente estar acabando, já que o carro rodopiava rapidamente em direção ao muro do outro lado da rua!
Depois de uma eternidade o carro para de girar e as coisas vão ficando claras na minha mente. Assim como vai ficando cada vez mais clara no meu joelho uma dor indescritível!
Estava tudo explicado, caro leitor! Não era nada de mundo acabando; nada de extra-terrestre tentando me abduzir.
Eu havia sido vítima de um acidente de trânsito. Há cinco míseros quarteirões da minha própria casa!
Um carro avançou o sinal de PARE e bateu com força na lateral do meu. O impacto foi tão forte que meu carro girou e foi parar em cima do passeio, do outro lado da rua. Todo destroçado.
Na mesma hora, um monte de gente veio correndo me socorrer. Ao ver minha cara de susto e um sanguinho que saia do joelho, alguém falou: - liguem pro SAMU!
Neste momento minha consciência voltou e eu disse - mais para mim mesmo: "que mané SAMU oquê! Peguei o telefone e apertei com força o [2] para fazer a CDEPE*.

Veio polícia, esposa, namorado da filha... Graças a Deus! Nessa hora, ter alguém que você ama (estou falando da esposa - não da polícia nem do Juquinha) é a melhor coisa do mundo. Do mundo não, do UNIVERSO!
Depois de algum tempo, eis que passa pela rua ninguém menos que meu amigo Carlos, companheiro inseparável de corridas - e que provou ser um excelente anjo da guarda dos corredores azarados.
O Carlos me levou pro hospital junto com a Eneida e a mãe do motorista, que havia chegado ao local do acidente e estava mais preocupada com o estado do meu joelho do que com o filho dela (brincadeira, o pai do menino ficou com ele. Graças a Deus ele não se machucou).

Fomos para o pronto socorro, fizemos uma ficha e nos sentamos para conversar enquanto aguardávamos atendimento.
Passados uns vinte minutos, entra uma moça no hospital gritando: "Ele foi baleado! Ele foi baleado!". Falo para as mulheres olharem para o outro lado (a Eneida não é exatamente do tipo que gosta de ver sangue!) enquanto o sujeito passa na maca.
Mais alguns minutos e chega outra ambulância. Mais um cara baleado. Ai já era demais! Falei com o marido da dona por telefone e pedi que ele a convencesse de sair de lá.
Felizmente a Senhora aceitou e eu pedi à Eneida para voltar de carona com ela para casa.

Ficamos eu e o São Carlos. Nós dois sabíamos que eu só seria atendido depois que os dois santinhos baleados fossem devidamente operados, o que seguramente demoraria horas. Muitas horas.
Esperamos algum tempo para ter certeza de que a Eneida já havia ido embora com a mãe do Rubinho Barrichello, e seguimos no carro dela para outro hospital.
Lá, fui atendido na hora e, por coincidência, o ortopedista era meu conhecido.
Felizmente as radiografias mostraram que eu não quebrei nada e, segundo o médico, não há nenhum dano aparente nos ligamentos.
A parte ruim é que ele me mandou tomar remédio por uma semana e ficar 15 dias sem correr - nem caminhar!

Por sorte ele não falou nada sobre o carnaval, de forma que apesar de ficar mancando no sábado e no domingo, na segunda-feira eu consegui ir a uma matinée e - pasme! ainda dancei com a Eneida! (obviamente usei a desculpa do joelho dodói toda vez que pisei no pé dela!).
Deus é muito bom comigo, e não estou sentindo dor alguma. Claro, vou respeitar a recomendação do médico e só voltarei a correr... domingo? Só uma corridinha leve? Quase uma caminhada... Pace de 6min/km, fc a 80%... sol batendo na cara, música tocando alta no iPod... Mal posso esperar!
Que me perdoe o leitor por ter ficado tanto tempo sem escrever. Mas - desta vez - eu tinha ATESTADO MÉDICO!!!
Eu comprei um carro novo. Não! Eu comprei "O" carro novo! Mas depois eu falo sobre ele (até porque este blog é sobre corrida, e não sobre automobilismo!)
É nóis!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Persistindo no erro


Típica frase do meu Minuto de Sabedoria dOmestre no facebook : "Se você é daqueles que só aprende com os erros, talvez seja melhor não tentar saltar de pára-quedas."
Pois é, meu caro amigo: errar é humano, mas persistir no erro é a minha cara!
Fail! Você está fazendo isto errado!

Depois de uma ótima noite de sexta comendo salgadinho (0800!) e conversando com a família e amigos, acordei bem cedo (6horas) para minha corridinha do fds.
É que ontem, após me ouvir falar que iria correr hoje cedo, meu filho reclamou fortemente - e com razão - que "você não me leva mais no judô" (no último sábado fomos ao clube, e no anterior eu estava trabalhando em São Paulo). Então, fizemos uma aposta: se eu corresse e chegasse a tempo de ir com ele à aula, eu teria o direito de derrubá-lo no tatame com um golpe judoniano mortal.
Assim, acordei cedo, fiz um lanche rápido e parti para a lagoa. Ignorando os conselhos dos corredores mais sábios e experientes (olá Yeda!), o Manezinho aqui pegou o iPod e - pasme! - (vamos, pasme ai!) levou justamente os fones que deixam a borrachinha no ouvido! BURRO!
Eu havia substituído as malditas borrachinhas, então pensei que uma coisa cara e tecnológica não iria fazer aquilo comigo duas vezes. Claro que não!
O objetivo de hoje era correr 18km com fc. em torno de 80%máx. Parei o carro, fiz alongamentos e comecei a correr às 7:25, acompanhado da voz belíssima da Joss Stone. Que "integração com a Natureza" que oquê! Eu quero é curtir a batida da música!
Doce ilusão de um corredor tolo, que não escuta a voz dos amigos... Ah! Por que sou tão cabeça-dura?!
Como você já deve ter previsto, sim! o fone saiu do ouvido (do OUTRO ouvido desta vez!) e a Mer$#@!% da borrachinha ficou encravada lá! Ô gastura!!! ô aflição!!! Deu vontade de bater a cabeça numa árvore, de tanto desespero!
Depois de fazer as manobras de sempre: virar a cabeça, tentar tirar a coisa com o dedo, tentar enfiar a chave do carro na orelha e chorar de raivinha, finalmente aceitei a burrice que havia feito e, uma vez mais, resolvi guardar o fone e continuar correndo. Eu podia ouvir a Yeda e aquele tal monge do meu lado, ambos dizendo: "mas eu não falei que era pra você escutar seu corpo? Hein?? Hein?? "Não disse pra você se integrar mais à natureza? Hein? Hein?"
- É! Vocês disseram! - respondi quase em voz alta.
Apertei o passo e tentei me concentrar o máximo possível na corrida. A idéia da integração com a natureza foi pro saco, porque eu estava perto do Redondo, e haviam milhares de carros passando ao meu lado e fazendo um barulho danado.
Mas depois de alguns quilômetros já não havia mais trânsito, e tenho que reconhecer que a experiente Yeda tem razão: como não havia música, a corrida pareceu mais tranqüila. Pensei na vida, fiz planos, revisei outros planos já feitos. E - sou obrigado a admitir - realmente senti uma certa "integração" comigo mesmo e com o ambiente em que eu estava.
Tudo correu bem até o décimo quinto km, quando comecei a me sentir cansado. Tentei me concentrar e manter o ritmo. Pensei: "já sei, nestes momentos de dificuldade devo prestar atenção à correta execução das técnicas de corrida". Mas havia um pequeno detalhe: eu NUNCA tive treinador, e não faço a menor idéia do que sejam as tais técnicas de corrida! BURRO!
O jeito foi me concentrar na respiração (ao menos respirar eu tenho que saber, né?!) e manter o ritmo. O incrível é que funcionou! Depois de algum tempo a sensação foi embora e terminei o treino com relativa tranqüilidade, tendo levado 1 hora e 53 minutos para concluir a volta, com a fc média de 81%.
Mas não houve tempo para comemoração (e eu nem queria comemorar nada, só queria que a borracha saísse logo do ouvido). Entrei no carro e fui logo ligando para a Eneida, pedindo para ela preparar o El para a "operação pinça na orelha". Assim que ouviu, ela respondeu: "você correu com aquele fone de novo? Que "bom", hein? Boniiiiito!"
Eu sabia que ela não estava se referindo exatamente à minha beleza. Eu iria por certo ouvir uma bronca quando chegasse em casa. Ou não! Posto que a borrachinha no ouvido atrapalhava a audição!!! :)
O Rafa, com a habilidade de um cirurgião, retirou rapidamente o objeto da minha orelha. Só deu tempo pra tomar um banho rápido e levá-lo para o treino do Judô.
Lição do dia: "Sempre escute o que a Yeda diz"!

Antes de eu me despedir, me agüente mais um pouquinho só. Quero compartilhar a decisão que tive que tomar: Ontem à noitinha, meu amigo Stefan e minha comadre (madrinha do El) me pediram para ajudá-los, transportando livros num trabalho voluntário. Depois da reclamação justa do meu filho ("você nunca tem tempo pra mim!"), eu liguei pra eles e disse que não daria pra ir.
Fiquei chateado porque eles não costumam pedir minha ajuda. Se pediram é porque precisavam. Mas eu tinha que escolher, e escolhi deixar de ajudar a atender às crianças carentes pra curtir o filhote. Confesso que não fiquei realmente triste (ao contrário, fiquei foi contente, por ver que o El gosta tanto da minha companhia), mas a idéia de não ajudar me acompanhou durante parte da corrida.
Por sorte o trabalho ainda não acabou, e a comadre me ligou agora (exatos 5 minutos atrás) perguntando se eu poderia ajudá-los agora à tarde. Então, ainda tenho uma última chance de fazer minha boa ação do... Eu ia dizer "do dia", mas é a primeira boa coisa que faço DESDE QUE O ANO COMEÇOU. Serão os corredores os verdadeiros trabalhadores da última hora?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Adele e o Quilômetro da Morte


Para não perder de vez todos os meus leitores do blog, volto agora a falar de corrida. A intenção do blog é justamente esta, e por isto - peço desculpas ao leitor que é solteiro, que não tem filhos, netos ou sobrinhos e que, portanto, não deve se interessar pelas questões relativas ao mundo dos adolescentes.
Não que valha como justificativa, mas esclareço que quis redigir o post anterior (intitulado "Conselhos para os Jovens") motivado por desejo sincero de ajudar de alguma forma aos daquela geração.
Isto posto, volto pois ao maravilhoso mundo das corridas de rua:

Quem me lê e não mora em BH (como o JorgeMaratonista e a Yeda) não sabe que a região da Pampulha foi assolada na tarde de quarta-feira por um rápido, porém destruidor temporal, com ventos tão fortes que fizeram ir ao chão árvores centenárias.
Euzinho aqui cheguei todo inocente à beira da orla minutos depois que a tempestade havia passado. Já estava até de tênis, short e boné.
Mal andei com o carro por cem metros e já me deparei com árvores caídas, tanto na calçada, quanto no meio da rua. Ficou impossível correr, dado o cenário de caos. Decidi abortar a missão daquela tarde e ir direto para casa, tarefa que levou mais de 40 minutos (40 minutos para um trajeto que eu faria em menos de 5! O trânsito simplesmente travou!).

Como o treino de quarta fracassou, passei toda a quinta ansioso para que chegasse logo a hora de sair do lerê e ir correr. O dia demorou 50 horas para passar, mas por fim chegou a hora de sair do rala-rala, trocar de roupa e partir para a parte boa. A corrida não teria sido tão legal se o Marcelo (valeu Marcelo!) não tivesse me lembrado de tirar o gatorade do frigobar pra levar. Quem corre sabe como é bom tomar uma bebida geladinha depois do treino, né?!

Ignorando o conselho da Yeda, resolvi levar novamente o IPOD (com os fones tradicionais, desta vez). Eu gostei muito de correr sem música, mas como o treino seria à noite (sem muita coisa pra ver), eu não estava me sentindo muito a fim de ficar "integrado a natureza e aos meus pensamentos" :)
Preferindo a companhia do Bono Vox e da Shakira, liguei a música e comecei a correr. O plano era fazer 8km a 6min/km.
Uma coisa engraçada aconteceu: como eu passei o dia com uma sensação de cansaço, imaginei que o treino seria desgastante. Mas aconteceu justamente o contrário! Corri solto e, a despeito dos meus 90 e poucos quilos, me senti leve, e o ritmo foi muito tranqüilo. Percorri 4km indo do PIC até a AABB, fiz a volta e retornei.
Faltando um km para chegar ao PIC, o mp3 começou a tocar uma música da cantora Britânica Adele. Conheci a música dela através de uma postagem no blog do Railer (raileronline.blogspot.com) e ADOREI! Dias depois, estava passeando na FENAC com meu filho e paramos para assistir ao DVD do show dela. Ficamos ambos encantados. A dona canta pra caramba!
Transferi algumas músicas dela para o player, mas já havia esquecido disto porque passei a usar um outro mp3.
O fato é que, no último quilômetro do treino, comecei a ouvir a batida de "Rolling in the Deep", em uma versão ao vivo.
Aumentei o volume e tentei me concentrar para entender a letra (já devo ter lhe dito que meu nível de Inglês é macarrônico). O ritmo entrou dentro de mim, e me lembrei de uma brincadeira que eu costumava fazer quando treinava para corridas de 10km, que eu chamava de "Quilômetro da Morte". Consistia em percorrer o último km do treino imitando os quenianos: dando as passadas tão grandes quanto minhas pernas permitissem e tentando ir o mais rápido que meus pulmões deixassem.
A batida era perfeita para isso, e eu vou mandar a modéstia às favas para dizer que VOEI BAIXO naquele km!
Eu me sentia uns 25 anos mais novo! O garmim disse que corri a 4min/km naquele km.
Pelo que entendi da letra, a música fala de um caso de amor que tinha tudo para dar certo, mas não deu. O ritmo da batida combina perfeitamente com o tom de voz "rasgante" que a Adele tem. Para o meu gosto, a música ficou perfeita! E ficou perfeitíssima para aquele momento, aquele finalzinho de treino.
Terminei a corrida e ainda caminhei uns bons metros (pra recuperar o fôlego!) ouvindo a Adele. Para fechar com chave de ouro, fui até o carro e peguei o gatorade gelado! Me sentei num banco e fiquei um bom tempo lá, só curtindo. Foi perfeito!
Adele

Cheguei em casa ainda assoviando a música e querendo abraçar e beijar todo mundo (obviamente fui impedido com veemência, dado o estado "suatório" degradante em que me encontrava!).
Moral da história: correr é bom pra caramba!!!

Sábado pretendo dar a volta na lagoa, mas ainda não decidi se vou com ou sem o Ipod :)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Conselhos para os Jovens


Há anos o texto abaixo vem circulando pela internet, sendo atribuído a diversos autores, principalmente a Bill Gates - presidente da Microsoft.
Ao que tudo parece indicar, o verdadeiro autor, no entanto, é o escritor norte-americano Charles J. Sykes, que escreveu o livro Dumbing Down Our Kids: Why American Children Feel Good About Themselves But Can t Read, Write, Or Add. (que em meu Inglês ridículo soaria como algo do tipo "Alienando nossas crianças: por que as crianças americanas sentem-se bem consigo mesmas mas não conseguem ler, escrever ou fazer contas")

Obviamente o post nada tem a ver com corrida, mas sou pai e tio de adolescentes - e me preocupo muito o momento que a geração deles está atravessando. Além disto, como o blog é o espaço de que disponho para expor minhas idéias (boas ou não), achei que o amigo leitor não se importaria se eu o postasse aqui.

A autoria do texto não importa. O ponto que quero abordar é que minha trajetória profissional nas áreas de gestão e TI me ensinou que as frases - TODAS ELAS - são absolutamente válidas.
Se o amigo leitor é pai, mãe, tio, avó ou amigo de adolescentes - e julgar pertinente, que procure fazer com que os jovens enxerguem isto.
Se você que me lê é agora adolescente, que procure ver nas linhas não conselhos, mas alertas de quem já foi adolescente um dia. De quem já sentiu na pele o que o amigo está vivendo agora. É uma fase tensa, difícil. Mas é a partir de agora que as escolhas passam a ser suas - e não mais de seus pais.
Seu caminho começa aqui. Não lamente, não se sinta frustrado. Curta a vida está diante de você.
Se quiser, reclame daquilo que não tem (é um direito seu). Mas antes de fazê-lo, medite e AGRADEÇA a Deus pelo que você TEM. Acredite em seus sonhos e lute por eles.
Sabe, eu já não tenho 18 anos há muito tempo, mas ainda faço - quase todos os dias - escolhas que determinam meu futuro e o futuro de muitas outras pessoas. É duro, é "tenso" (pra usar uma expressão de vocês jovens!) ter que decidir sabendo das conseqüências de um eventual erro. Mas é isso que dá sabor à vida. É nessas horas que crescemos como gente.

Conselhos para os Jovens

1 A vida não é fácil — acostume-se com isso.
2 O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.
3 Você não ganhará $20 mil por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.
4 Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
5 Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
6 Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.
7 Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio
quarto.
8 Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido… RUA!!! Faça certo da primeira vez!
9 A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
10 Televisão NÃO é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
11 Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles.

Curta a vida.
E que brilhe a sua Luz!


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

25 quilômetros


São 22 horas de uma segunda-feira qualquer. Cá estou eu, sentado em frente ao computador, fazendo as coisas que costumo fazer nas segundas-feiras normais.
Hoje cedo deixei as crianças na escola, resolvi umas coisas da obra, fui à fábrica, tudo como sempre faço. Estacionei o carro no lugar de sempre lá na fábrica, minha
sala estava como sempre esteve. Trabalhei o trabalho de sempre e agora estou em casa. Está tudo como sempre foi nos dias de segunda.
Mas eu estou diferente.
Ontem, pela primeira vez (e, se não fosse o Carlos poderia ter sido última) em 44 anos de existência eu corri por 25 kilômetros. E isto mudou alguma coisa.
Apesar de sentir o corpo todo dolorido, há em mim uma sensação de bem-estar, uma coisa boa e calma. Se você estiver disposto a ler, quero te contar como foi a
experiência.

Durante toda a semana passada, eu esperei ansiosamente pelo domingo. Minha programação era aproveitar o sábado para relaxar, me divertir, me alimentar bem e deitar
cedo, de modo a estar preparado para a corrida do dia seguinte.

Mas eu havia esquecido de combinar este plano com Deus, e as coisas acabaram saindo um pouco diferentes do que eu pensava.
Pela manhã, acordei cedo e fui à pé até a padaria (são raros os dias em que consigo comer pão fresco). Quando voltei com o pão, a casa estava com aquele cheirinho do
café que minha mulher fez. Tomamos café, acordamos as crianças e nos aprontamos para ir ao clube.
Momentos antes de sair, eu recebo uma ligação e descubro que teria que ir até a fábrica para salvar a humanidade uma vez mais.
A esposa segue com os meninos pro clube e o escravinho aqui vai pro lerê. Resolvido o problema, parto direto pro clube.
O dia de sábado foi perfeito: brinquei com meu filho até cansar (até EU me cansar, porque ele não cansa nunca!), conversei com os amigos e curti bastante.

Voltamos para casa à noitinha, para que eu tivesse minha maravilhosa noite de sono.
Mas minha cunhada ligou, nos chamando para sair. O El ficou insistindo para que fôssemos (o sujeitinho só tem dez anos e já queria ir pra balada! Vale isso Arnaldo?!).
O sábado era dele, e acabamos saindo para um bar no bairro Bandeirantes. O Pedro, namorado da Iza, foi com a gente e a noite foi muito legal.
Só que não acabou nunca!
Cheguei em casa à meia-noite, depois de me empanturrar de batata frita.
Acordei cansado e com gosto de molho de queijo na boca. Por sorte não bebo álcool, senão a coisa seria muito pior.
O Carlos me pegou em casa às 7:15 e fomos para o museu de arte, onde começaria nossa aventura.

A corrida
Saímos às 7:35hs em direção à barragem. Corremos tranquilamente por 9km até o Marco Zero. No caminho fomos conversando sobre maratonas, computação e, como não poderia
deixar de ser, sobre nossas respectivas mulheres (minha mulher é irmã da mulher dele). Foi uma conversa muito engraçada porque todas as coisas que eu falava que
aconteciam lá em casa, ele dizia que era o mesmo na casa dele. E tudo que ele falava da casa dele era - exatamente igual - lá em casa. Foi uma importante descoberta
científica: as esposas implicam com a gente sempre pelas mesmas coisas. Elas seguramente têm um manual com os 101 melhores motivos para discutir em casa, indo desde a
falta de tempo que temos para elas, passando pela tradicional reclamação sobre os nossos amigos do sexo feminino, sobre comentários que fazemos no facebook (esse
destruidor de lares!) e indo até... Ah, chega disso! Vamos voltar pra corrida.
No marco zero comprei gatorade (desenvolvi uma habilidade para ir gritando de longe o que quero para o cara da barraca, de forma a não ter que parar mais de um minuto
para pegar a bebida e pagar). Seguimos viagem e, na altura da toca da raposa, saímos da orla e corremos por 3,5km em direção ao Ceasa. Foi ai que o bicho pegou. O sol
ficou muito forte e não havia vento.
Sete quilômetros depois, quando retornamos à orla, eu senti que estava começando a ficar desidratado. A boca estava seca e eu estava com muita sede.
Tentamos comprar água em outra barraca, mas eles não tinham mais. O jeito foi continuar correndo. O Carlos sentiu que alguma coisa estava errada e me ofereceu o cantil
dele (e eu que achava que aquele cinto com a garrafinha coisa de boiol... Aquilo salvou minha corrida!).
Só na AABB, depois de correr 20km, finalmente conseguimos comprar água. Joguei metade de uma garrafa sobre o corpo e fui bebendo pequenos goles enquanto corria.
Naquela última parte da corrida, eu senti no corpo a falta que faz uma boa noite de sono.
Faltando um quilômetro para o final, eu parei novamente para comprar mais água e o Carlos seguiu na frente.
Cheguei 2 minutos depois dele, e isso foi MUITO BOM porque - quando terminei - ele já estava me esperando com uma garrafa de gatorade na mão. O melhor gatorade que já
tomei na vida.

Não foi um treino fácil. Cheguei quebrado, morto de cansaço e com uma bolha no pé.

Mas cheguei!

O treino foi muito bom porque me fez ver que ainda tenho um longo caminho a percorrer se quiser completar a maratona do Rio.
E o pior de tudo: preciso MESMO perder peso. Não muito, mas sinto que emagrecer uns bons três quilos fará muito bem às minhas pernas e costas.

Pra você ter uma idéia de como estou cansado, essa é a primeira vez que escrevo um texto sentado na cama.
Mas estou muito feliz. Eu venci a mim mesmo. Com a ajuda do Carlos, consegui fechar os 25km em 2 horas e 49 minutos, contando o tempo das paradas.
Eu venci os 25km, e isto mudou alguma coisa dentro de mim. Ainda não sei direito o que foi, mas me sinto mais forte, mais confiante talvez. E isto faz bem.

Agora vou me deitar (as costas estão reclamando!). Amanhã farei um "regenerativo" (corrida bem leve) de 8km, para voltar o corpo pro lugar.
Depois eu te conto como foi. Me deseje sorte.
É Nóis!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tempestade


Segunda-feira foi um dia tenso para o desventurado autor deste blog. Como sempre, havia muita coisa para ser feita e pouco tempo para fazer. Resultado: stress nível 5!
No meio da tarde, tive que sair da fábrica porque precisava assinar uns documentos da construtora. O caminho de volta para casa passa exatamente pela Igreja de São Francisco, o que seria uma ótima oportunidade para variar um pouco e correr no lado da Pampulha que é, tradicionalmente, reservado aos ricos e famosos.
Então, lá fui eu! (ok, ok: já adivinhei seu pensamento: "e quem disse que você é rico ou famoso, Mané?!" Eu sei, mas já que a rua é pública... Eu 'caí dentro'!)

Estacionei o carro por volta de 19 horas e já parti logo para a parte boa da coisa (sim, porque "alongar é para os fracos" :) !!! Corredor inconseqüente, eu!). 
Depois do fatídico treino do último sábado em que minha orelha foi quase decepada devido à borrachinha da morte, fiquei com trauma, e não consigo mais encostar os fones no ouvido. Por este motivo, estou aprendendo a correr sem ipod - e quer saber? (já sei: você NÃO quer saber, né? Mas eu vou lhe falar assim mesmo!) estou gostando! 
O plano era fazer 10km no ritmo de 6min/km. Comecei com um trote leve para aquecer e fui aumentando aos poucos.

Ó amigo leitor, você realmente precisa passear pela orla em um fim de tarde de verão! Havia tanta gente correndo e caminhando, que - em alguns trechos - era até difícil passar entre as pessoas. Parece que havia muita gente que, assim como eu, estava "curtindo" aquele fim de tarde, dava pra ver isto na cara de alguns, pelo semblante tranqüilo.
Corri quase três quilômetros em direção à Toca da Raposa e, quando fui retornar, o tempo mudou tão repentinamente que quase todos que estavam por perto se assustaram. O céu ficou muito escuro e um forte vendaval teve início, deixando principalmente as crianças assustadas.
Continuei minha corridinha sossegado, sempre olhando para o céu. Acho que pela primeira vez nestes meus 44 anos, eu vi uma tempestade se formar. Aquilo foi o máximo! As nuvens se movendo depressa, o vento soltando as folhas das árvores, gente tentando se abrigar da chuva. E eu lá, correndo e curtindo.
A chuva caiu grossa e forte. Como eu já estava todo suado (já havia percorrido mais de cinco km quando a coisa apertou), foi como correr debaixo de uma ducha, só que ao ar livre! Muito gostoso!
Fui até a estátua de Iemanjá e virei para voltar à Igrejinha. A esta altura, a chuva já havia se transformado em um temporal. Raios caiam por todos os lados (não conte para ninguém, mas confesso que fiquei assustado!) e o barulho dos trovões dava medo.

As luzes dos postes se acenderam e a noite chegou rápida e negra.
Achei impressionante como a água subiu de repente. Poças surgiram no passeio (na calçada, para você que não é mineiro!) e meu tênis ficou encharcado. Perto da Igreja, a enxurrada ultrapassava o meio-fio (guia, para você que não é mineiro! Qualquer dia desses vou criar o Google Transator Português-Português! Ficarei rico!) e eu terminei meus 10km correndo sobre uma lâmina d água. Estava perigoso, mas estava muito bom!

Ontem treinei novamente. Fiz um progressivo (tipo de treino em que a corrida é dividida em etapas. Fiz três: uma devagar, uma mais-ou-menos e por último a "corrida da morte") começando com 2km a 6:15min/km, depois aumentando o ritmo para 5:45min/km e finalizando os 2 km finais ao passo de 5min/km.
No meio do percurso, uma chuvinha - dessa vez muito leve - começou a cair. A corridinha foi tão relaxante, mas tão relaxante, que nem me incomodei com o trabalho de S.Paulo à noite. Moral da história: correr faz bem. Mesmo!

Hoje vou ficando por aqui, mas amanhã quero escrever de novo, falando do medinho que estou começando a sentir do treino que farei no domingo: 25km correndo sem parar. Eu nunca corri tanto, e estou realmente assustado.
Por sorte total, correrei na companhia do Carlos Henrique. Para ele o treino será muito chato, pois para chegar vivo ao final, eu preciso correr a 6:30min/km (O Carlos faz 10km em menos de 49min). Mas os amigos servem para isto, certo Carlos?! :)