quarta-feira, 11 de julho de 2012

Maratona do Rio - 2012


Caro amigo leitor,
Antes de mais nada, peço-lhe desculpas por demorar a dar notícias da Maratona, mas é que ontem eu estava emotivo demais para escrever (além do cansaço, claro!!!).
É engraçado... eu passei meses e meses pensando em como seria este post. Às vezes, quando estava fazendo um treino difícil, eu pensava que não conseguiria completar os 42km e imaginava como iria lhe contar isto, de que forma iria escrever. Outras vezes, quando eu terminava um treino feliz da vida por ter corrido na chuva ou com uma música diferente, eu me sentia animadíssimo e pensava em como seria legal se eu pudesse lhe contar que venci a mim mesmo, que completei a maratona do Rio.
Hoje chegou o dia que tanto aguardei: o dia de escrever o derradeiro texto do blog que teve início quando percorri o primeiro KM do treino para a maratona que poderia mudar a minha vida.
Tenho ouvido muito sobre a lei da selva nro 322, que manda colocar TEXTOS CURTOS nos blogs. Mas hoje quero que o amigo leitor tenha paciência, porque imagino que este será um texto beeeem longo (eu tenho tanta coisa pra escrever...).
Para quem vem acompanhando minha trajetória mas não corre, inicio o relato com uma frase que li no blog Baleias: "... Eles me amam mas não são corredores. Eu também os amo e os entendo porque sei que não têm a dimensão do que significa desistir de uma corrida que você, não precisa fazer se não quiser.
Quem corre sabe o quão profunda esta frase é, e o quanto de verdade ela encerra.
Quando iniciei o treinamento para o Rio, eu me comprometi comigo mesmo que daria o meu melhor, que faria o que pudesse para ir o mais longe que conseguisse na tal maratona. Abri o blog primeiroKM na intenção de deixar registrado para meus filhos, e para os filhos dos meus filhos (e para os filhos destes, se ainda existir Internet até lá) que um dia um cara normal, gordo, hipertenso e com quase 45 anos de idade teve um sonho, e deu duro pra transformar este sonho na realidade mais bonita que ele conseguisse fazer.

Que você me perdoe uma vez mais, caro leitor, mas acho que estou escrevendo mais para mim mesmo do que para você. Isto é falta de consideração, eu sei. Afinal você acompanha meus textos, comenta os posts e - seguramente, torce por mim. Mas ainda estou emotivo, e gostaria que esta emoção ficasse registrada aqui no blog... (tô viajando, né? Texto mais sem sentido esse... Eu hein?!)

Mas voltemos à história da maratona.

Para entender o que houve na corrida, é preciso ver o contexto. É por isto que começo relatando a véspera da prova.
O sábado amanheceu ensolarado e, já no café, fazíamos planos para curtir a praia carioca. Nosso amigo Railer, que viria a se tornar peça fundamental nessa história toda, tamanho o suporte e ajuda que nos deu, combinou de nos encontrar em Ipanema. Fomos de metrô (coisa chique, pra quem é de BH). Nosso anfitrião conhecia o dono da barraca, de modo que ficamos confortavelmente instalados, com direito a cadeira de praia e quebra-sol (fundamental para corredores branquelos).
Andando de metrô

Chegando na praia

Mal aportamos e eu e o Rafael já corremos pra água (sabe como é, né? Mineiro quando vê mar fica louco! O El já tem isto no sangue!), de onde só saímos quando a pele começou a enrugar. Curtimos a praia até umas 14 horas e fomos almoçar um restaurante muito bonito que fica ali perto. Uma curiosidade: a praia deles é - acredite se quiser - ainda mais legal que Piúma Inesquecível: até banheiro eles têm (R$ 1,50 por pessoa. Mas eu pagaria qualquer coisa pra poder trocar de roupa antes de ir almoçar). Muito chique!

Depois do almoço, fomos caminhando até a lagoa Rodrigo de Freitas, de onde só saímos quando o sol começou a se por. Voltamos ao hotel para banho e embelezamento (embelezamento só para as mulheres, para mim e para o El foi só tomar banho e trocar de roupa mesmo!) e de lá seguimos para o restaurante La Mole, lugar muitíssimo agradável onde o amigo Miguel Delgado havia me convidado para jantar.
Chegando no restaurante para jantar

pode não parecer, mas estamos com fome!

Conhecer pessoalmente "os Baleias" já daria um post à parte! Quando cheguei ao restaurante, o Miguel ainda não havia chegado. Mesmo assim, fui até a mesa-Baleias para saldar os atletas que lá estavam. Qual não foi minha agradável surpresa quando eles me cumprimentaram efusivamente, muitos me chamando... PELO MEU NOME!!! Como diria minha filha: foi Doido demais!!! A noite de confraternização ficou completa quando finalmente o Miguel chegou. Tirei foto (eu queria pedir autógrafo, mas fui impedido por meus familiares sob a justificativa de que seria muita "pagação de mico") com ele e peguei valiosas dicas dos experientes Baleias, que muito me auxiliariam no dia seguinte.
Encontro com os Baleias
Matando a fome!
Ficamos fortinhos depois do jantar :)

Cheguei de volta ao hotel às dez da noite, quando teve início o ritual de separação da vestimenta que o "grande guerreiro" aqui iria usar na batalha que me aguardava ao raiar do próximo dia. Como em todas as corridas, a Eneida pregou o número de peito na camisa (tive que usar o plano B e correr com outra blusa, porque a do kit - para meu desespero - não tinha mangas. Minha pele sensível e delicada não resistiria tanto tempo sob o sol que eu imaginava, estaria presente).
Quando finalmente fui deitar, estava mais ansioso do que noiva no casamento. Mesmo assim, com a ajuda de alguns... alongamentos, consegui dormir (relativamente) tranquilo.
Três e quarenta e cinco da madrugada eu já estava de pé. Comi pão integral com requeijão, tomei suco de laranja e fui me aprontar. Parecia que eu era um piloto de fórmula 1 que estava vestindo macacão, capacete, luvas...
Empanturrei as partes masculinas de vaselina, vesti o short com cuidado, calcei meias e tênis. Eu não estava nervoso. Ao contrário, estava curtindo aquilo. E a Eneida lá, acordadíssima às 4 da madrugada ouvindo meus planos para a "batalha".
Depois de mil anos, finalmente deixei o quarto do hotel. O Carlos e o Toninho (meu xará, treinador do Carlos e dono da Movimenta Assessoria Desportiva) já estavam lá.
Tiramos fotos para que nossa saída do hotel ficasse guardada para a posteridade e pegamos o taxi que nos levaria ao ponto dos ônibus da Maratona.
Foi apenas ao deixar o saguão do hotel que percebi que... ESTAVA CHOVENDO!!! Aquilo eu não previ! Mas tudo bem, ao menos não correríamos sob o sol do sábado.

Foi quando chegamos ao local de embarque que a ficha caiu pra mim. Lá eu finalmente compreendi o que eu estava por tentar fazer. Era noite ainda, e milhares (muitos milhares, muitos milhares mesmo!) de pessoas em trajes de corrida andavam de um lado para o outro.
E eu também estava lá.
Eu era um deles.
Entramos no ônibus, que partiu logo em seguida. De repente fiquei mudo, pensativo. Enquanto o ônibus fazia a viagem para o Recreio dos Bandeirantes (1 hora e 10 minutos até o destino, sem parada!) eu também ia fazendo comigo mesmo uma espécie de "viagem". Meu pensamento voltou no tempo e eu me pus a pensar em tudo que fiz para que aquele dia finalmente chegasse.
Lembrei das pesquisas que fiz na Internet, dos blogs que acabei conhecendo. Lembrei dos conselhos da Yeda, blogueira, corredora e amiga, a quem ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente. Lembrei do Ricardo, que me emprestou o livro mais motivante já escrito sobre corrida de rua. Pensei muito nos Baleias e na forma com que encaram o esporte, no modo otimista que eles têm de enxergar as coisas.
Pensei na minha tia Rita, a quem elegi para madrinha desta empreitada faraônica. Quase pude reler mentalmente os comentários carinhosos que minha mãe SEMPRE me deixou lá no blog. Puxa! foi tanta coisa... Lembrei dos treinos, do medo de correr depois do acidente de carro, do problema da pressão alta, da falta de tempo para treinar - justamente no mês de junho...
Mas mesmo com tudo isto eu estava ali! Olhei pro Carlos, que seguia do meu lado no ônibus e senti uma sensação de calma e segurança. Eu não estava sozinho.
De certa forma, já me sentia vencedor.
Tudo bem, talvez tenha sido só a "teoria do contente", como diz o Stefan (se eu não completar a prova, ao menos cheguei até aqui). Mas ainda assim, o sentimento de vitória já estava em mim. Eu consegui disciplinar meus treinamentos, treinei meu corpo e minha cabeça. Eu me melhorei. E isto era - sem dúvida - uma vitória para mim.

O pensamento foi interrompido quando o ônibus chegou ao local da largada. Chovia forte e, por sorte, conseguimos nos abrigar sob uma marquise. O relógio marcava 6:10 da manhã, e já havia gente de tudo quanto é canto do mundo espremida sob a laje.
Conversamos animadamente sobre muitos assuntos. Não sei se foi estratégia do Toninhoo ou não, mas a conversa não foi sobre corrida. Fizemos conjecturas sobre a luta do Anderson Silva (nenhum de nós assistiu, claro!), falamos de comida, da cidade do Rio e de um monte de outras coisas. Faltando uns 15 minutos para começar a prova, fui ao banheiro da morte (de onde, felizmente, saí com vida) e me dirigi para a largada.
Sete e trinta. Uma sirene alta marcou o início da prova. Meu coração disparou e um arrepio percorreu minha espinha. Agora não tinha mais volta. Como em tantas e tantas vezes noutras corridas, passei pelo pórtico de largada, zerei o cronômetro, fiz uma breve oração e ingressei uma das atividades mais prazerosas da vida.
De repente me vi correndo bem no meio da multidão! Uns sorriam, outros gritavam, outros faziam piadas. Amigos corriam lado a lado. Havia grupos de cinco ou seis corredores correndo juntos e conversando animadamente.
Liguei o iPod, me desliguei do mundo e apenas corri. Putz, caro leitor! Se você não corre, não conseguirá entender como é (o que é uma pena). Não consigo colocar em palavras a sensação de liberdade que me inundou, a mesma que eu via estampada nos rostos dos que corriam comigo. O mar agitado, a chuva fina, o vento frio. Uma reta que parecia não ter fim...
Era o caminho a ser percorrido. Aquela era a batalha, a minha batalha. Eu quis estar ali, lutei pra isto. Treinei, me esforcei. E eu ESTAVA lá! Nunca na minha vida vou esquecer aquele início de prova. Nunca.
Railer se preparando para a Family Run

O Carlos e o Toninhoo seguiram na frente, isto já estava combinado: cada um iria correr no seu próprio ritmo, tentando superar seu desafio pessoal.
Até o sétimo quilômetro não ultrapassei uma pessoa sequer. Ao contrário, todo mundo passava por mim. Eu achei aquilo estranho, mas mantive minha passada. Mesmo que eu fosse o último a chegar, mesmo que eu nem chegasse no final, tudo já tinha valido a pena - e eu não iria desperdiçar aquela corrida tão gostosa tentando fazer um tempo para o qual não estava preparado. Segui meu caminho com oRappa cantando pra mim.
Mesmo sem sede, bebi um pouco d'água e Gatorade em todos os postos. Aliás, na minha modesta opinião, a organização da prova foi perfeita! Havia água e Gatorade a cada 5km, além de pontos de apoio com ambulâncias.
Lá pelo km 16 ou 17 a chuva apertou e o vento ficou muito forte. Felizmente ventava a favor do percurso, o que ajudou um pouco na subida. Em determinado momento, uma corredora passa por mim, me dá um tapinha no ombro e diz: "vai com Deus, Toninho! Boa prova!", era a Lana Gomes do grupo Baleias, a simpatia em pessoa! Retribui os votos de boa corrida e deixei a moça seguir em frente. Esses Baleias são gente boa demais!...
O tempo passou e quando vi a placa de 20km fiquei surpreso! Acho que eu me desliguei tanto que nem percebi direito que já me aproximava da metade da prova. Foi só pensar nisto e logo comecei a me sentir cansado! "A mente da gente é mesmo uma coisa poderosa", pensei. Por sorte, lembro que a música mudou e meu pensamento voou para algum outro lugar.
Na subida do elevado vi um cara de camisa cinza acenando pra mim. Era o Carlos! Eu pensava que não o veria mais na prova e de repente lá estava ele! Mas não tentei alcançá-lo. Preferi seguir meu ritmozinho de 6:30min/km. A subida foi dura, mas ver o mar batendo no penhasco lá embaixo foi tão bonito que nem me lembro de ter sentido cansaço. No meio da subida encontrei o Carlos novamente e passamos a correr lado a lado.
No alto da Niemeyer, uma surpresa: uma taboa que apoiava os copos d'água saiu voando com o vendo e atingiu em cheio minha canela esquerda. Não senti dor, mas fiquei preocupado. O cara da organização ajudou a retirar a madeira que - aliás - havia atingido também uma corredora que estava ao nosso lado. Nem parei. Continuei correndo e segui em frente.

À medida que as placas de quilometragem foram passando, meu corpo foi sentindo o cansaço. Lá pelo Km 30 minhas pernas já doíam e a sensação provocada pela roupa molhada incomodava. O otimismo deu lugar à introspecção e precisei fazer força para me concentrar nas passadas.
O iPod começou a tocar uma música que eu ainda não havia ouvido. Tentei prestar atenção na letra, até para me distrair da dor nas pernas, e então outra coisa estranha aconteceu. Acho que o esgotamento do corpo, as roupas molhadas e as horas consecutivas correndo sem parar abalam o lado psicológico da gente e nos deixam mais emotivos. Zé Ramalho cantava com Ivete Sangalo um frevo que dizia:

"...Seu moço eu venho de longe
Não sei onde vou chegar
Não tenho medo de seguir
Mas tenho medo de voltar

Acreditar no que eu acreditei
E trabalhar para quem trabalhei
Amar, amar quem eu já amei
Passar caminho que eu já passei".

Lembrei de meus vinte anos de casamento, de tudo que fiz de errado, do que consegui corrigir e das cicatrizes que deixei em quem amo. Pensei nos filhos, eles que - para mim = ainda parecem duas crianças pequenas e indefesas, à mercê de um pai por vezes ausente e distante.

Não acho que é vergonha dizer que lágrimas grossas correram dos meus olhos e se misturaram ao molhado da chuva. Não segurei nada, chorei mesmo (obviamente, deixei o Carlos ir na frente, para ele não presenciar aquela cena de novela)!
E aquele choro me limpou por dentro. Olhei para a placa e vi que estava no km 37. Senti a alma leve e solta, que contrastava com as dores no corpo todo moído.
Nos quilômetros finais vi muitos corredores parando por causa de dores ou cãibras. Fiquei com medo de também eu não conseguir terminar. As pernas estavam muito pesadas e meu ritmo diminuiu para 6:40 min/km (só olhei pro relógio umas três vezes durante toda a prova). Faltava pouco, mas as placas dos KMs nunca chegavam.
A placa do 39o Km apareceu. As pernas estavam pesadas e deu vontade de caminhar um pouco. Mas faltavam "só" mais três quilômetros. Era tão pouco! Aumentei o volume do som e tentei me manter concentrado em não diminuir o ritmo, ao menos até o próximo quilômetro. Pensei no meu pai, e aquele pensamento me deu força. Fui correndo, correndo, até que - depois de mil anos - a placa do km 40 finalmente apareceu. Gritei com força: "Pai, este km foi pra você!" É lógico que o manteiga-derretida aqui deu mais uma seção de chororô.
Faltava pouco! Eu ia terminar, eu TINHA que terminar!
Era a placa mais bonita da corrida: 40km! Um número redondo, grandão! Uma distância que eu nunca havia alcançado antes.
Com o ânimo redobrado, continuei o mais firme que minhas precárias condições físicas permitiram. As pernas doíam pra caramba e comecei a sentir muito frio.
Continuei correndo, agora com muita dificuldade. Como gritar durante a prova já estava virando moda, deixei a emoção rolar no melhor estilo sertanejo/novela mexicana e, num certo momento, gritei bem alto o nome da minha filha. Um corredor que estava à frente também gritou um nome que não me lembro e disse "'Fulana', eu te amo!". O pessoal que corria ao redor bateu palmas e ouvimos frases de incentivo. Foi emocionante.
As pernas passaram a ter vontade própria. Ficaram bambas e queriam parar. O frio que eu sentia aumentou bastante. Não estava tão seguro de que conseguiria chegar ao final.
"Quando não conseguir mais correr, trote.
Quando não conseguir trotar, caminhe.
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.
Mas nunca se detenha."
A frase de Madre Teresa de Calcutá veio à minha cabeça. Aquilo era um sinal, só podia ser um sinal! Deus estava comigo. Espíritos Bons estavam comigo. Senti a presença dos amigos que que - sem dúvida - estavam torcendo por mim e me apoiando com bons pensamentos. Eu não ia parar.
Eu não parei.
A maior surpresa de todas estava reservada para os momentos finais. Eu havia combinado com a Eneida que ela NÃO IRIA para a chegada (sabe como é, Rio de Janeiro, violência, crianças cansadas...). Como este "combinado" foi uma ORDEM DIRETA E EXPRESSA que dei a ela, eu nunca iria esperar que a esposa - depois de 20 e tantos anos - desse para me desobedecer. Além do mais, estava chovendo (sabe como é: mulher, cabelo, chuva. Não! Ela não iria MESMO!).

Mas nos metros finais, quando eu já estava entrando no funil de chegada, vejo minha família inteira sorrindo e gritando pra mim!
Nada, nada no mundo paga isto!
E, pela terceira vez, chorei pra caramba. Desta vez, o mico foi bem diante da plateia! Mas não deu pra evitar (foi mal, família), era emoção demais para um coração cansado de tanto correr.
Dei a mão pro El e cruzamos juntos a linha de chegada, eu chorando e ele me olhando com cara de espanto (acho que ele ainda não tinha visto o pai naquelas condições!).

Todo mundo me abraçou. O Carlos, a Fernanda e o pequeno Tiago também estavam lá. O Railer veio correndo e, precavido como sempre, já trazia na mão um spray anti-inflamatório.
Foi uma grande festa!
Passada a emoção da chegada, fui pegar minha merecida medalha - e ai, outra surpresa: ao invés de simplesmente me entregar o objeto, o funcionário me chamou pelo nome (nossos nomes estavam inscritos no nro de peito) e me disse algo como: "Antônio, meus parabéns por ter completado a maratona do Rio. Esta medalha é sua". Pode parecer bobagem, mas esses detalhes fazem diferença pra quem corre. Eu adorei.














Como o bebum que não se lembra de como voltou pra casa, também eu não consigo recordar como tive forças para ir caminhando até a casa do Railer.
Graças a Deus, tudo funcionou perfeitamente!

Foi, sem dúvida alguma, a melhor, mais bonita, mais longa e mais emocionante corrida da minha vida!
Mesmo que outras maratonas venham (já nem sinto mais o peso de meus 45 anos, e nem os 92 quilos do meu corpitcho me metem tanto medo) no futuro, mesmo que existam lugares mais belos, corridas ainda mais organizadas, mesmo assim, eu nunca me esquecerei que em 8 de julho de 2012 eu corri SEM PARAR PRA NADA durante exatas 4 horas, 44 minutos e 44 segundos (saiu o resultado oficial no site) para percorrer os 42 quilômetros e 200 metros mais incríveis da vida.
Eu pensava que, com a realização da maratona e o consequente término do período de treinamentos, encerraria também o blog primeiroKM (já que ele foi criado especificamente para o registro desta jornada). Mas fiz amigos pelo blog, voltei a ter contato pessoas queridas (oi Tia Rita!), aprendi a gostar de escrever (ainda que você não sinta o mesmo gosto em ler o que escrevo! Sei que não sou bom nisso, mas gosto de escrever minhas aventuras!), de forma que - se o amigo leitor continuar tendo paciência comigo e continuar me dando a honra de sua presença neste espaço, quero continuar com o blog.
Acho que a coisa ainda não acabou. Ainda há corridas por fazer, treinos pra relatar, experiências pra compartilhar...
Então, ao contrário do que sempre pensei em fazer, não encerrarei este post com o "Adeus Amigo".  As frases finais do texto serão:
- muito, muito obrigado por ler meus textos, aguentar minhas lamúrias e viver comigo a experiência proporcionada pela corrida de rua.
- até breve amigo! Domingo voltarei a correr, se Deus quiser. Semana que vem, te conto como foi!
É nóis!!!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A caminho

Dicario de bordo - São três e trinta da tarde e estou escrevendo de dentro do avião que está nos levando para a grande aventura da primeira maratona, no Rio. Estamos em um grupo de 20 pessoas e a turma está muito animada. No embarque tiramos fotos, conversamos muito, fizemos piadas e brincadeiras. Mas notei que alguns de nós estão mais ansiosos e apreensivos que os outros. Só agora a ficha está caindo para mim. Começo a compreender o tamanho do desafio que me aguarda. E isto está causando um certo frio na minha barriga. Assim que estacionei no aeroporto, cumpri o que havia combinado comigo mesmo: me desliguei de todos os problemas do dia a dia e estou tentando relaxar o máximo possível para aproveitar o passeio. Meu pensamento está agora em tudo aquilo que fiz para chegar até aqui (e não, não estou me referindo à dificuldade para estacionar). Foram vários os meses que tenho passado com esta idéia fixa da corrida na cabeça, com esta distância de 42km badalando no meu cérebro como o sino da igreja. Fazendo uma auto-análise, concluo que o mais difícil durante este tempo não foi treinar. Ao contrario, isto foi gostoso. O complicado foi me manter focado. Foi conseguir tempo para correr, foi conciliar trabalho e família com o treinamento. Foi não desistir quando o desanimo bateu, nem quando a pressão arterial subiu, nem quando a obra deu problema. Mas eu estou aqui! E, só por isto, já me sinto vencedor. Venci o cansaço, venci o stress, a preguiça nos dias de chuva e os problemas do cotidiano. A conclusão a que chego é de que o esforço valeu a pena. Sinto-me mais forte, mais alegre e mais confiante do que quando comecei a treinar. Se vou chegar no final da prova, isso eu realmente ainda não sei, mas sei que vou curtir para caramba cada quilometro que eu conseguir percorrer. E quem sabe, se eu me distrair com o visual, com aquele clima de corrida, com todo aquele ambiente, quem Sabe em algum momento, cinco ou mais horas depois de começar a correr, eu não me veja de frente para o pórtico de chegada? Sonhar não faz mal algum, né?!

Agora são dez da noite. Acabamos de chegar do jantar e estamos confortavelmente instalados num hotel aqui em Copacabana.


Encerro este post com a foto que tirei com o Ricardo no domingo em BH. O Ricardo e sua família têm me dado muito apoio nesta jornada rumo à maratona. A frase na camisa dele é também um incentivo para que eu chegue no final.Agora vamos descansar que amanhã tem mais.Postarei um novo texto amanhã, contando como foi a véspera do dia D, e a quantas anda o frio no meu estômago.É Nóis!