terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Festa à Fantasia


Como prometi no post anterior, quero mostrar a você, amigo leitor, a face oculta do autor deste blog. Mostrarei fotos que provam e comprovam que tipo de gente você anda lendo! Exporei abaixo toda a verdade sobre o tipo de corredor "dedicado" que é esse tal de Antonio Horta!
Ele (eu?) fica ai falando que já correu tantos quilômetros, que está treinando duro para a primeira maratona da vida dele; que nem "alongamento" anda fazendo direito, só porque tem que acordar cedo pra treinar... Tudo balela!

Pois agora chega disto! Vou lhe mostrar, caro leitor, que o sujeito é - em verdade - um fanfarrão!
O certo é que, sem querer fazer fofoca (mas você JÁ ESTÁ FAZENDO FOFOCA, ô mané!), fiquei sabendo por fontes ultra-mega-hiper-super-muitíssimo seguras que nosso heróico "corredor", ao invés de dormir cedo para correr no domingo, resolveu dar uma de jogador de futebol famoso e ir pra balada! Que vexame!
Estas mesmas fontes que - por razões profissionais - não posso relevar nem sob tortura, me disseram que o evento foi em comemoração ao aniversário de dois grandes amigos dele. Desde 2009 estes dois comemoram seus aniversários com uma festa (que, aliás, já está se tornando tradição) em que todos têm que ir fantasiados.
Nossa reportagem interceptou um e-mail enviado por Antonio, em que ele descreve em detalhes como foi a festança, e como ele passou a noite inteira se divertindo, ao invés de se preparar para a maratona. (vergonhoso!)
A íntegra do depoimento você confere abaixo:

"Recebi o convite cerca de duas semanas antes da festa. Meu primeiro pensamento foi: 'como posso criar uma fantasia original, mas que, ao mesmo tempo, não me faça derreter de calor'.
É que, há três anos atrás, na primeira edição deste evento, resolvi alugar uma fantasia de mosqueteiro, idéia não muito feliz de um dos outros dois mosqueteiros, posto que - naquele ano - nós três quase morremos de tanto calor!

Lembrei-me também do ano seguinte, em que - tentando bancar o esperto e não morrer derretido no próprio suor - inventei uma fantasia de mendigo! Ficou super fresquinha e eu estava aproveitando a festa à doidado. Mas lá pelas tantas horas, começou a bater um vento Nordeste que entrava pelos furos da minha camisa e fazia cócegas...

Assim, neste ano, pensei em criar (eu não queria - e, como o leitor bem sabe, não tenho grana para - alugar nada) eu mesmo o meu 'disfarce'. Precisava ser uma coisa original, criativa e, acima de tudo, BARATA!
Eu pensava nisto enquanto corria em volta da Pampulha quando, ao terminar o treino, exclamei para mim mesmo: 'puxa, estou morto de cansaço!' Eureca! Está pronta a solução: vou de DONA MORTE!
Ficou fresquinho (por causa do tipo de pano e porque a vestimenta ficou larga) e eu não senti frio no meio da noite.

Eu sei, amigo leitor, que você sempre fica puto da vida comigo quando escrevo estes textos que nada têm a ver com corrida. Mas o que eu posso fazer? (já sei, já sei: certamente você está com a resposta pronta: 'Pode CORRER, Mané!')

Para não lhe matar de raiva, prometo que amanhã escreverei outro post falando de como é correr 10km debaixo de uma tempestade numa rua semi-inundada.
Me aguarde pra você ver!
É falow!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Segunda Decisão


Hoje faz exatamente uma semana que escrevi a última postagem aqui no blog. Ficar tanto tempo sem escrever me deixou com muito assunto, muito caso pra contar.
Então peço paciência (outra vez?!!) ao leitor amigo, porque prevejo que este será um texto longo!

São 10:34 da manhã e, diferentemente da semana passada, meu humor está excelente! Estou assistindo à aula de judô do meu filho enquanto escrevo estas linhas
(ops, um menino acaba de derrubar o El). Antes de vir pra cá, corri 18km pela orla da Pampulha. E é sobre isto que quero falar hoje.

Antes porém, preciso comentar um acontecimento que reavivou meu ânimo para os 42km do Rio: eu já me sinto honrado com a presença dos corredores Carlos
(parceirão de toda corrida) e Yeda aqui no blog. Diferentemente de mim, que corro apenas pra não enlouquecer, os dois são atletas, e treinam (treinar é
muuuuito diferente de calçar o tênis e sair correndo por ai) diária e seriamente. Eles têm treinador, seguem planilhas e fazem musculação.
Me sinto realmente feliz quando eles entram aqui e deixam um comentário, uma dica ou uma palavra de apoio.
Nesta semana, fiquei ainda mais feliz ao ver que - ninguém menos do que o Ultra maratonista Jorge (www.jmaratona.com) apareceu por aqui e, não só leu meu texto,
como ainda me deixou um comentário com dicas importantes. Para quem não corre, isto pode parecer bobagem, mas para quem está acostumado (ou se acostumando,
como euzinho aqui) a percorrer sozinho distâncias longas debaixo de chuva ou sob sol forte, lembrar que existem pessoas que você nem conhece pessoalmente
torcendo pelo seu sucesso - acreditem - faz um bem danado! Durante a corrida de hoje, que foi das mais longas - e também mais gostosas - lembrei de todos
vocês.
Jorge, agradeço de coração sua presença neste espaço. Seu sucesso me dá ânimo, e me motiva a continuar correndo em busca de meu objetivo pessoal.
Yeda, digo o mesmo a você. Obrigado por sua constante companhia.
Carlos, não preciso nem dizer que minha perseverança nesta "causa" se inspira em você. Sua responsabilidade é grande aqui.
Tia Rita, se não fosse por você, este blog já não existiria mais.
Eneida, você me iniciou no "maravilhoso mundo" dos blogs. Devo muito a você.
Pai, se eu conseguir chegar - será por você.
Mãe, cuida do pai ai - que eu preciso dele inteiro pra me ver (me ler:) ) chegar.
Iza, El... parem de ficar me batendo! Isso dói! :)

Depois da "sessão-emoção" (adoro quando a Yeda usa essas expressões no blog dela!), me deixem voltar para o assunto das corridas.

O Garmim marcava 7:17 quando comecei a correr. O tempo nublado formava o cenário ideal para uma corrida relaxante. E eu estava precisando muito disto. A semana
foi difícil, muito difícil. Discussão feia com a esposa por bobagem (foi mal, Beim), dificuldades no trabalho, falta total de tempo pra correr (só consegui
correr uma vez, na terça feira. Droga!), falta de tempo pra comer, e até pra respirar direito. Problema com o vidro elétrico do carro que cismou de não abrir
justo quando o automóvel estava rachando no sol do meio-dia (aquela foi fod#@!). Mas nada disto é problema, perto do susto que levei quando um dos operários
caiu do andaime na obra.
Felizmente está tudo (relativamente) bem. Apesar de ter sofrido uma queda feia, ele não quebrou nada e só terá que ficar algum tempo de molho. Quem é pai já
passou por esta situação: seu filho faz uma coisa errada e se machuca, ai você não sabe se fica puto da vida com o menino, ou se o abraça e dá graças a Deus
por não ter sido nada muito sério.
Quando recebi a notícia da queda, o irmão do "Esquerda" já estava no hospital João XXIII. Eu rezei para que ele ficasse bem, e me dei conta - mais uma vez - da
responsabilidade que está sobre meus ombros. Assim que recebi nova ligação do mestre de obra dizendo que estava tudo bem, minha reação mudou da água para a...
urina! Fiquei invocado! Meu pensamento era: "Pô, eu gasto rios de grana comprando cintos de segurança, luvas, fechando fosso de elevador... E o manezinho não
prende a josta do mosquetão porque "está muito quente"... E depois ainda ficam dizendo que eu "tenho andado nervoso ultimamente"...

Mas voltemos à corrida:
Fiz um rápido (rápido mesmo!) alongamento (basicamente, foi só para constar nos autos) e comecei a parte gostosa da coisa. Hoje eu estava experimentando uma
borrachinha nova do meu fone de ouvido (ele vem com 4 pares, para acharmos o que melhor se ajusta) ultramoderno e estava ansioso para ligar logo o Ipod.
Mas acho que eu errei ao encaixar a danada, porque - logo no segundo km o fone direito começou a incomodar. Fiquei empurrando a coisa para dentro do ouvido,
sem obter muito sucesso.
No quinto km aconteceu o acidente. Resolvi tirar o fone para ver se havia algo errado e... a borrachinha ficou no ouvido! Putz, que aflição! Parei na hora,
virei a cabeça para baixo, para o lado... tentei tirar com o dedo. Nada funcionou. A aflição só aumentando.
Nesse momento pensei no que o Jorge Maratonista faria. E pensei no que EU faria se isto acontecesse durante a corrida.
Eu não desistiria. Com aflição ou sem aflição, eu iria até o fim. E assim fiz. Tirei o outro fone, desliguei o ipod e continuei o treino.
Os primeiros quilômetros foram chatos, e eu me senti solitário sem ninguém cantando pra mim. Nessa hora, não sei se foi por causa do sonho que tive com a minha
fantasia (irei a uma festa à fantasia hoje, e - não contem pra ninguém: eu vou fantasiado de MORTE! Amanhã prometo fazer outro post e colocar fotos da festa
pra quem se animar a ver), ou por estar correndo sozinho e sem música, mas senti uma... presença ("agora danou!" Você certamente deve estar pensando. "O blog
do cara agora virou 'sobrenatural!'").
Mas eu senti mesmo uma "presença". Isto é, senti uma OUTRA presença, além da do pedaço do fone encravado no meu ouvido.
Obviamente foi coisa da minha imaginação, como o "amigo imaginário" das crianças. Esse meu amigo invisível andava (sim, eu correndo e o danado ANDANDO! Até na
imaginação eu levo ferro!!) ao meu lado. Usava uma capa marrom, com um capuz igual ao da minha fantasia (foi por isto que minha imaginação "fertilizou") e
tinha um ar calmo. Ele ficou um tempão comigo, e falou que eu deveria enxergar a vida de um outro lado. Disse que ela (a vida) está tentando me mostrar muita
coisa, mas eu estou tão preso no meu mundinho que não consigo (ou não quero) ver.
Na hora lembrei de pessoas que conheço, que perderam casa e móveis nas inundações de Janeiro. Lembrei do irmão do Esquerda, que foi salvo por milagre de Deus.
Lembrei do meu outro funcionário na construtora, que perdeu a mãe de forma repentina.
E eu pensando que trocar o interruptor do vidro elétrico era o fim do mundo. Me senti pequeno e fútil.
Mas não, ao contrário do que você pensa, eu não chorei nem fiz beicinho. Sorri pro monge-corredor-encapuzado e segui ao seu lado.
Como vejo muito filme de aventura, minha imaginação foi longe naquela hora, e eu dei corda. Em meu devaneio, o companheiro me convidou a aproveitar que eu
estava sem os fones para "ouvir o que está ao meu redor" (isto sim, é frase de filme!).
Depois ele sugeriu que eu tirasse os óculos, o que eu - obviamente - não fiz. Ele só sorriu, e o sorriso dele era calmo, gostoso.

Como em todo bom filme, o sujeito simplesmente evaporou - e eu fiquei sozinho comigo mesmo pelos 9 quilômetros finais. Acabei usando esse tempo pra pensar na
vida, ao invés de curtir a corrida.
Tomei a segunda importante decisão desde que iniciei a empreitada rumo à maratona (a primeira foi justamente a de correr os 42km): procurarei melhorar a mim
mesmo.
Tentarei pegar mais leve, e dar às coisas da vida apenas a importância que é devida a cada uma, sem exagerar; sem me estressar em demasia.
Tentarei curtir mais a esposa, os filhos, os amigos.
Assim como a preparação para a maratona, esta certamente não será tarefa das mais fáceis (eu sou cabeça dura pra caramba). Mas estou decidido. Eu vou tentar,
vou dar o meu melhor.
É nóis.

Imaginário ou não, agradeço ao senhor que correu comigo sem se cansar, e que me abriu os olhos.
Ah, um detalhe: no último quilômetro começou a chover. A chuvinha fina molhou as lentes, e eu fui "meio que" obrigado a tirar os óculos, justamente como o
monge da minha imaginação queria. Vai entender...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Meu treino mais longo


O amigo leitor certamente irá me perdoar pelo mau humor, mas começo a escrever este post as 6:20 da manhã de sábado no saguão do aeroporto, enquanto aguardo a hora de embarcar para São Paulo - em viagem profissional.
A missão de hoje é fazer um "bate-e-volta" até lá. Um trabalho rápido: chegar silenciosamente, matar todos os usuários que estiverem na sala de reunião; recuperar os servidores avariados e retornar sem deixar pista. "Ninguém merece"!
Mas já que você está ai com essa expressão de "e eu com isso, Toninho?", ou com esse pensamento de "ufa, ainda bem que esses trabalhos trágicos e sujos não acontecem comigo!", vou poupá-lo de mais sofrimento e passar a falar do maravilhoso mundo das corridas de rua, e de a quantas anda minha evolução nos treinos para a primeira maratona da minha vida sofrida.

No sábado passado fiz o mais longo treino da minha humilde existência. O plano era acordar cedinho e correr 21km. Para um maratonista experiente, isto até que não é tanto, mas para o "aspira" aqui, trata-se de um desafio grande.
Por isto acordei tão empolgado naquele dia. Ao chegar na lagoa, parei o carro e tirei fotos do local de partida para recordação. Usando o timer da máquina tirei uma de mim mesmo, especialmente para colocar aqui no blog. Depois do "momento-fotógrafo" (para usar uma expressão da colega Yeda) fiz uma sessão rápida de alongamentos e parti.
Antes de partir

Agora são 7:20 da madrugada. Estou escrevendo do avião e minha cabeça está doendo (já sei, já sei: "e eu com isso?..." Tá bem, vou parar de reclamar).
Mas eu estava falando da corrida. Pois é, corri solto e tranqüilo por uns 5km, até chegar ao Mineirão. De lá, resolvi subir a avenida e contornar o CEU (Centro Esportivo Universitário da UFMG). Ai a coisa complicou. Numa subida não muito íngreme e com menos de 1km, minha FC (FC=freqüência cardíaca) subiu rapidamente, e eu comecei a perceber o quanto ainda preciso me preparar para completar os 42km do Rio.
Por falar nisto, somente anteontem eu tive tempo de ler os comentários do último post. Vi que a Yeda (colega corredora a quem não conheço pessoalmente, mas que tem dado dicas importantes através de seu blog papaleguasrun.blogspot.com e de comentários aqui neste espaço) me alertava justamente para esta questão: a subida da Av. Niemeyer (seja lá como se escreve isto!). Ontem entrei no Google maps pra ver a extensão do "problema", e descobri - na verdade - que terei é que "escalar" um trecho longo e sinuoso, por VÁAAAAARIOS quilômetros.
Vai ser puxado, mas o visual que o Google street view mostrou (conheço o Rio, mas nunca andei pelos lados do Recreio dos Bandeirantes) é tão incrivelmente bonito, que certamente valerá o desafio.

O fato é que, logo apos a subida do CEU, a FC voltou a 75% e eu pude continuar a correr com calma. A questão da subida entretanto, ficou em minha cabeça durante todo o treino.
Como aquela seria a primeira vez que eu treinaria por 21km (já corri a meia-maratona algumas vezes, mas prova é diferente de treino, né?), resolvi correr devagar. Primeiro para aproveitar o dia, que estava lindo, e também para não ficar morto de cansaço (estava muito quente, e imediatamente depois do treino eu iria sair para almoçar e passear com a família). Terminei os 21km em duas horas e 27 minutos. Um tempo lamentável! Mas terminei inteiríssimo! Nem parecia que eu havia percorrido esta distância toda. O treino foi tão bom, que estou super ansioso para o próximo longo (serão 25km, daqui a duas semanas).
Agora que a Luíza já voltou do Canadá, planejo amanhã dar a volta na lagoa (18km) em um ritmo mais rápido. Correrei com os novíssimos fones de ouvido que a Marcela (mega-obrigado, Marce!) trouxe pra mim. Eles têm tecnologia noise cancelling (um dispositivo que capta os ruídos do ambiente e emite uma espécie de "som ao contrário", anulando o barulho) e são ótimos! Já corri com eles três vezes nesta semana (2x10km na terça e na quarta, e mais 6km ontem) e eles são tão incríveis, que não dá pra ouvir nadinha além da música!
A chegada ao Museu depois de 21km

Obrigado leitor, por ter me acompanhado durante a viagem. Agora vou me despedindo porque ainda tenho que reler a fala que preparei para a reunião. Me deseje sorte (e bom humor!) para encarar o trampo.
É falow!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mais um passo


"A melhor forma de prever o futuro é criá-lo"

Hoje, 9 de Janeiro do ano da graça de 2012, dei um importante passo em direção ao meu ideal (insano?) de correr uma maratona nesta vida. Acabo de fazer minha inscrição para a Maratona Internacional do Rio de Janeiro.


Como você deve ter percebido, "hoje já é amanhã", se é que me entende...
É que ontem, mal tive tempo de abrir o editor de texto. Bastou parar um pouquinho para escrever, que logo surgiu uma chuva de mil trezentos e setenta e quatro telefonemas e solicitações (está bem, talvez eu tenha exagerado um pouco) de usuários aqui do trabalho.
Acho até que eles sabem do meu blog e que combinaram, todos os 300, de me ligarem ao mesmo tempo na hora do almoço, sempre que eu estiver prestes a redigir algum post.

O fato é que estou me sentindo confiante e alegre por ter me inscrito. Meu amigo Railer ofereceu hospedagem (oferta que foi aceita antes mesmo dele terminar o convite!) e ajuda com a "logística" da coisa toda.
Uma dica que ele me deu, e que repasso agora a quem pensa em cometer a mesma loucura que eu, é marcar a opção "Sim, eu quero utilizar o ônibus da organização" no momento da inscrição. Este ônibus fará o transporte dos atletas (e dos não tão atletas assim, como é o caso deste ente que aqui escreve) do Aterro do Flamengo até o ponto de partida, no Recreio dos Bandeirantes.

Resolvi inovar, permeando este texto com fotos da última edição da prova, que achei na Internet. Fale a verdade, o visual é de tirar o fôlego, não é?
(agora que estou relendo o que escrevi, percebo quão inoportuna foi a expressão "de tirar o fôlego"! Que trocadilho mais idiota! Mas saiu sem querer, e vou deixar assim! :)... "de tirar o fôlego"... Ficou hilário!!! 
Para o amigo leitor ter uma ideia do porte da aventura, o Railer me falou que a viagem de ônibus do ponto final ao inicial dura cerca de UMA HORA! Correr essa distância toda não vai ser brincadeira não!
Por outro lado, correrei em um dos mais belos cartões postais do mundo!

Eu simplesmente TENHO que tentar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Afinal, para que servem nossas madrinhas de maratona?


"Triste não é mudar de idéia. Triste é não ter idéia para mudar."


Após publicar meu último e derradeiro (ao menos assim eu pensava) post aqui no blog, pensei estar encerrando minha curta e nada promissora carreira como escritor.
Redigi o texto, passei o corretor ortográfico (ou você acha que eu já sabia que disciplina se escreve com esse e cê?), colei a foto - aliás, muitíssimo bem tirada pelo fotógrafo Rafael - e me vi naquele momento solitário e triste, que só quem já encerrou um blog sabe: o instante indelével em que o cérebro envia o comando ao dedo para teclar o [enter] e publicar o texto, mas o corpo teima em obedecer e luta para que o [esc] seja pressionado no lugar, cancelando a publicação da postagem. Depois que o post foi ao ar, me senti aliviado. 
Ao menos foi isto que eu pensei naquele instante.


O que eu não sabia é que esse troço de blog é como uma cachaça mineira, aquela "da boa" (eu ainda não bebi cachaça, mas os amigos que bebem dizem que quando é boa, é boa mesmo). Enfim, depois que o sujeito começa, correr e escrever contando são duas coisas que se fundem, e que parecem complementar uma à outra.


Como o cachaceiro que pára de beber, senti nos últimos dias a síndrome da abstinência textuária. Eu corria, chegava em casa, tomava um banho... mas depois ficava faltando alguma coisa.


Então pensei em voltar. Pensei em contar aos meus cinco leitores (que agora devem estar reduzidos dois ou três) o que estava me acontecendo. Mas não havia tempo. Os dias aqui neste planeta têm poucas horas, e há muita coisa para ser feita.
Ainda assim, eu pensava em escrever ao menos um parágrafo... Talvez postar depois... E ia euzinho aqui remoendo estes pensamentos até que as frases que a Tia Rita, minha santa protetora nas corridas, postou no facebook voltaram com força à minha cabeça.
Ela sugeriu que, ao invés de parar de escrever, eu apenas reduzisse o ritmo das postagens, passando a escrever um resumo dos acontecimentos da semana em um só texto.


E são pequenas coisas que mudam o rumo da nossa vida, não é? 
Pois eis que hoje cedo, ao me vestir para o tradicional treino dominical, estava contando à minha esposa sobre as vantagens das meias "anti-bolha" que o meio-irmão caçula Stefan me meu de Natal, quando ela sutilmente me falou: deixa eu tirar uma foto disto, você deveria falar para as pessoas sobre esta novidade.
Foi a gota d água! Ela tirou a tal foto (veja abaixo) e, assim que eu saí para correr, já fui imaginando que me sentaria aqui no café do Shopping (casa do Pão de Queijo do Diammond Mall - excelente!) agora à tarde e voltaria a incomodar meu leitor com estes textos mal escritos.


Retomado pois, o posto de aspirante a escritor, permita-me lhe contar sobre as tais meias anti-bolhas:
Primeiramente, vou lhe situar: Acordei mais tarde hoje (para quem acorda as 6 da manhã todo dia, 8 horas é beeeem tarde!). Lá fora caia uma chuva fininha, que os paulistas chamariam de garoa. É o tempo perfeito para treinos longos. 
Fiz os devidos alongamentos - seguindo agora ordens expressas do meu médico (você acredita que ele prescreveu isto?! juro!), deixei a Eneida fotografar as meias, calcei o tênis e saí para a lagoa.
O Rafael (meu filho mais novo) ficou reclamando um pouco porque eu havia combinado de andar de bicicleta com ele (programa que foi terminantemente vetado pela mãe. "Você vai gripar o menino!"), e segui em direção ao museu de arte.
O plano era dar a volta na lagoa (18km ao todo) só controlando a frequência cardíaca, sem preocupar com o tempo. Liguei o ipod novo (éééééé, leitor amigo. Morra de inveja! Eu agora tenho DOIS - eu disse DDOOOOOOOIIS Ipod's shuffle, tá???!!!! - ganhei um novinho de presente do meu patrão, de amigo-oculto. O melhor presente DO MUNDO! - depois de um carro okm, é claro) e comecei a correr.
Neste ipod eu coloquei um setlist de músicas diferente. Misturei vários ritmos e inseri músicas que eu havia ouvido poucas vezes. Ficou muito legal.
Normalmente, eu costumo caminhar por uns 200 metros, depois correr devagarinho (os experts em corrida chamam isto de "trotar". Mas eu lá sou cavalo por acaso???  Tá bem, não precisa responder!) e, só depois começar a corrida propriamente dita. Só que, quando estava terminando a caminhada, passou por mim um cara com garrafinha de água presa ao cinto. Só usam estas garrafinhas os caras que estão dando a volta na lagoa, então pulei a parte do trote (até porque já estou praticamente deixando de ser eqüino e me tornando humano) e comecei a correr para acompanhar o sujeito.
Corri com ele por 4km, mas o ritmo estava muito rápido para meus 44 anos, então diminui a velocidade e deixei que ele avançasse sozinho. 
E ai ficamos sós, eu e o ipod azul.
Quando passei pela Igreja de S. Francisco, a banda do Jorge Benjor começou a tocar pra mim. Gostei tanto que decidi colocar a música aqui (se você gosta de Jorge Ben, certamente vai adorar esta).
Ao passar pela toca da raposa a chuva apertou, o que deixou o treino ainda mais gostoso. Bastou um segundo de distração, bem na hora em que a Joss Stone ia se apresentar no ipod, para eu enfiar o pé direito numa poça d água gigantesca. Senti o líquido geladinho entrando pelo tênis e, em seguida, minhas passadas começaram a fazer um barulho estranho, um shlept, shlept... parecia que eu estava correndo com sandálias havaianas, mas daquelas que soltam sim - as tiras. Que deselegante!
Faltando cerca de 1km para chegar na AABB, abri o gel com carboidratos que carregava comigo. Eu sei que há um cara que vende água na AABB, então planejei tomar o gel - que tinha sabor de chocolate - um km antes e beber água depois. Eu só esqueci foi de combinar com o cara da barraca. Como estava chovendo, ele obviamente não abriu o estabelecimento - e eu corri os últimos 6 km com gosto de chocolate na boca. E com uma sede terrível também!
Terminei a volta em exatos 120 minutos. Agora são 4 da tarde, e estou me sentindo muito bem. Por ter corrido na chuva, e também por ter voltado a escrever.
Obrigado aos amigos que me mandaram e-mail ou escreveram no facebook me incentivando a não deixar o blog. Obrigado tia Rita, pelo apoio.
Vou parar por aqui e curtir um pouco a família. Graças a Deus a Luíza desistiu do show de rock dos infernos e veio aqui pro shopping também!
Ah, eu ia falar das meias anti-bolha. Resumindo: o troço funciona mesmo! Estou com zero bolhas nos pés, e olha que meu tênis está totalmente encharcado.
Por hoje é isto. Fique com Deus.
É falow!





segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Para continuar correndo...


Se o amigo leitor já treinou para uma maratona, sabe bem quanto esforço e dedicação são necessários para a empreitada.
Os treinos são longos e é preciso muita disciplina, além da força de vontade, pra seguir em frente.

Quando esta rotina é aliada a uma jornada intensa de trabalho, as coisas ficam mais complicadas. É difícil arrumar tempo para treinar; treinos precisam ser desmarcados devido a alguma reunião urgente ou a um caso de morte-ou-morte no serviço...

Se, além disto, o pobre coitado do candidato a maratonista é também "pai de família" (usamos esta expressão como se a "mãe de família" não tivesse nadinha pra fazer, né?... Que coisa machista!), a situação se complica ainda mais, indo para o nível 3 de dificuldade maratônica.

Pois é, eu sou um desses caras. Minha vida é bastante agitada, e conciliar trabalho, outro trabalho, construção, família e corrida é complicado. Estamos ai no nível 4 da escala de dificuldades.
Com o advento do blog, vamos para o nível 5 (de onde nenhum ser humano jamais sobreviveu).
Está realmente difícil manter tudo funcionando.
Entretanto, do trabalho não dá pra fugir; a família é o que mantém a gente de pé; da corrida não quero abrir mão de jeito algum. Então só sobrou o blog.
Foi uma decisão difícil, meus caros cinco leitores, mas para fazer isto direito, eu precisaria de mais tempo. Não tenho pois, outra alternativa, a não ser encerrar as postagens aqui no primeiroKM. Até pensei em aumentar a periodicidade, passando a escrever semanalmente. Mas isto também seria difícil, porque o "diário" não ficaria completo (além do quê, se eu não consigo me lembrar nem do que comi no almoço hoje, certamente não me lembraria dos treinos da semana passada).

Assim, só me resta agradecer a você que me leu e que tem acompanhado esta minha aventura rumo aos 42km. Agradeço pelos comentários, pelas palavras de incentivo e principalmente, pelo apoio.
Se você se enquadra nas categorias: pai, mãe, madrinha-de-maratona, esposa, filho, filha, amigo ou simpatizante da causa, por favor, não deixe de torcer por mim. Continuarei treinando firme para a maratona do Rio em Julho.
Se Deus quiser, hei de completar a prova - e sobreviver para contar como foi.
É falow!