domingo, 18 de março de 2012

O pior treino


Dezoito de Março de 2012 não é um dia para ser lembrado. Não por mim. Eu consegui fazer minha pior corrida, o pior treino desde que conheci o esporte.
A coisa já acabou e estou aqui, deitado na cama, escrevendo e pensando sobre o que deu errado esta manhã.

A semana passada havia sido especialmente difícil: a greve dos ônibus deixou o trânsito caótico; consegui discutir com meu patrão - algo muito, muito raro (e muito perigoso, já que ele é o meu PATRÃO!); meu cronograma de trabalho ficou igual a uma peneira, de tão furado. Estourei todos os prazos e não fiz nada direito; na construtora, descobri por acaso que a empresa que ia me vender o granito estava temtamdp superfaturar (não no preço, pq seria óbvio. Mas eles bolaram um esquema que quase nos passou a perna. MUNDO CÃO!); na quinta, recebi uma ligação da seguradora, dizendo que meu antigo carro sofreu perda total. Para fechar a semana com chave de ouro, recebi na tarde de sexta uma ligação que vai mudar minha vida para sempre. PARA PIOR.
Tudo ficou mais complicado porque choveu TODAS AS NOITES da semana e eu não consegui correr para poder aliviar o stress. Eu até tentei: na terça, liguei para minha mãe e pedi para usar a esteira do meu pai, mas não deu certo porque a lona ficou deslizando com meu peso. Felizmente aquela noite não foi de todo perdida, pq minha mãe fez um lanche ÓTIMO pra mim! Valeu Mãe!).
O sábado amanheceu com chuva e, como eu já estava puto da vida com todos os acontecimentos, além de não ter dormido nada, resolvi voltar pra cama.

De forma que, quando o dia de hoje amanheceu, eu só queira largar tudo e sair pra correr. Foi o que eu fiz.
O tempo estava nublado, ótimo portanto para correr. Fiz uma micro sessão de alongamentos, liguei o iPod e parti para 18km de paz.
Mas você sabe como é, caro leitor. Você sai dos problemas, mas os problemas não saem de você. Eu não conseguia parar de pensar no que fazer da minha vida, e - sem perceber - comecei a corrida num ritmo muito mais forte do que costumo correr. Só dei conta disto depois de passar pelo terceiro quilômetro, quando percebi que a respiração estava muito ofegante. Olhei pro relógio e vi que meus batimentos estavam a 95% do máximo.
Diminui a velocidade, enquanto ia aumentando o volume da música. Mas não adiantou nada. No sexto km meu coração ainda batia a 85% máx, e achei melhor parar e beber um pouco d'água. Este foi outro erro. Peguei a água e fiquei parado por uns bons 5 minutos. Eu deveria ter caminhado, mas estava muito chateado com tudo que estava acontecendo e com a besteira que fiz no começo do treino. Finalmente tomei coragem e voltei a correr.
Mas a coisa não melhorou. Eu me senti tão cansado que, depois de mais 4km tive que parar de novo. Comprei um gatorade e me sentei num banco pra tentar relaxar. O batimento havia baixado para 75%. Não sei quanto tempo fiquei lá, mas levantar do banco foi a coisa mais heróica que já fiz na vida!
No décimo segundo quilômetro eu já nem me agüentava mais em pé, quando um casal passou correndo por mim, a mulher por um lado e o marido (ao menos eu acho que era marido dela) pelo outro. Eles já estavam uns 50 metros à minha frente quando tive a ideia de segui-los. Apertei o passo e consegui alcançá-los. Corri com eles por dois quilômetros, ora eles me ultrapassando, ora eu os ultrapassando novamente. Até que, em uma ultrapassagem eles ficaram pra trás. Talvez tenham terminado seu percurso, mas o certo é que prossegui sozinho. E exausto.
Não conseguia correr a mais de 7min/km, e mesmo assim com muito sofrimento.
Faltando quatro km para completar a volta, encontrei com meu cunhado Tito, passeando de bicicleta com sua filha mais nova. Parei um minuto para cumprimentá-los, trocamos umas poucas palavras e voltei a correr.
Lembrei do meu filho, que me perguntou se eu ia andar de bicicleta com ele hoje... A tristeza e o cansaço voltaram com muita força, e tive que reunir o pouco de coragem que sobrava dentro de mim pra terminar o treino. Cheguei literalmente chorando de tristeza, dor ou raiva. MAS EU CHEGUEI.
Demorei 2 horas e 10 minutos pra completar a volta, e isto considerando que desliguei o cronômetro em todas as paradas.
Após completar a volta, caminhei 200 metros e desmontei num banco da praça. Só ai percebi que eu havia machucado o tornozelo de tanto ficar raspando a sola do tênis do outro pé. Isto já aconteceu comigo na meia-maratona do ano passado. Não dói, mas demora décadas pra sarar.
É, meu caro leitor, a coisa não tá fácil não. Felizmente, eu e meu sócio decidimos que só vamos começar a nova obra depois que o prédio atual estiver pronto. Vamos ter um "prejú" porque os lotes custaram caro e o projeto já está pronto. Quanto mais demorarmos para construir, mais dinheiro perderemos. Mas estou realmente exausto, e que se dane o dinheiro. Depois a gente ganha mais.              Ou não!
Coincidentemente, a obra atual deverá ficar pronta no final de junho, praticamente na mesma data da maratona do Rio. É, em muitos sentidos, o fim do caminho. Eu fico pensando que, com a maratona, a minha correria vai terminar. O Rio será a linha de chegada. Sinto como se já estivesse nos quilômetros finais. Mas estou fraquejando. Não sei se juntar o pouco de energia que ainda está dentro de mim será suficiente para cruzar a faixa e pegar a medalha. Mas, como diz o Marcelo da Ludmila: "eu tô fedendo, mas ainda não tô morto não!". Só sei de uma coisa: se eu conseguir chegar lá, se terminar o prédio, fechar o projeto de São Paulo e concluir os 42kms da maratona, eu vou me dar um presente: vou viajar pro Pantanal, pro Alasca, Patagônia ou pra qualquer lugar onde não haja shopping nem celular e ficar sozinho lá. Só euzinho. Ninguém mais. Uma semana, dez dias. Sei lá.
Se eu terminar.
Só se eu terminar.

É Nóis.

Ái que Mer$#!da!!! Eu já estava publicando este texto quando vi um SMS no telefone do serviço. Parou tudo lá na Fábrica e tenho que perder o que restou do domingo e ir lá pra ver o que houve.
Ontem o Carlos me mostrou um video no Youtube que dizia toda a verdade sobre a vida: Não há nada tão ruim que não possa ficar ainda pior. Ô vida!

3 comentários:

railer disse...

toninho, tem diz que a gente não tá bem mesmo. faz parte.

(e essa verificação de palavras? esta é a tentativa número quatro de acertar as benditas pra postar o comentário aqui)

Anônimo disse...

oi querido Toninho,a vida é dura p/ quem é mole, somos batalhadores assim é q. venceremos, estaremos sempre no comando de Deus q. nunca nos desampara, Correr, correr e eu nas m/ andanças, coitada nada, feliz e feliz inté mais.D.Córa

Carlos Henrique Diniz Ferreira disse...

Siga em frente! Pensamento positivo que a coisa dá certo!