No último domingo, dia 3, participei com minha mulher da
edição 2012 da Meia Maratona Internacional de BH.
Corrida de rua é sempre uma festa, um acontecimento. A coisa
toda começa bem antes, no dia de retirar o kit de participação. E desta vez não
foi diferente: na sexta-feira fui com a Eneida ao Shopping para pegarmos o tal
kit e aproveitei para tirar uma casquinha da esposa (momento raro pra quem tem
dois filhos em casa!).
Como tudo que é bom, o passeio durou pouco porque o
escravinho aqui teve que ir pro lerê na parte da tarde.
No domingo, acordamos cedinho, lanchamos, trocamos de roupa
e ficamos esperando o Pedro, namorado da Luíza. A casa estava com clima de
viagem de férias, cada um correndo para um lado... Assim que o Pedro chegou,
rumamos para a lagoa da Pampulha.
A Eneida iria correr a prova de 5km, eu havia me inscrito
para os 21km e o restante do grupo (Iza, El e Pedro) ficaria na torcida.
A largada da turma dos 21km foi dada pontualmente às 7:30hs
(meia hora antes da turma que correria os 5k). Como chegamos na praça faltando
5 minutos, tive que descer sozinho do carro e correr para a largada. Resultado:
comecei a corrida sem platéia nem nenhum dos meus colegas corredores por perto.
Mas tudo bem, eu estava lá! Era isto que importava.
Como fiquei quase duas semanas sem treinar direito, a
prudência me mandou ir devagarinho. Obediente que sou, segui a ordem da
consciência e fui só curtindo a corrida, acompanhando o ritmo da multidão.
Ao fim do primeiro km, senti uma pedra entrar na sola do
tênis. Bati o pé no asfalto, xinguei um pouquinho e, como nada adiantou,
continuei a correr com a tal pedrinha incomodando.
Ao chegar à placa do 7o km, o incômodo já havia se
transformado em dor no pé. Não havia outro jeito: tive que parar. Ao tirar o
tênis, descubro que a tal pedra era na verdade, a espuma do chip (os tênis Nike
vêm com um "buraco" pra guardar um chip. O buraco é preenchido com
uma espuma rígida)! Joguei a maldita o mais longe que consegui, calcei
novamente o tênis e voltei para a prova. Mas o estrago já estava feito: uma
bolha do tamanho de uma pequena moeda havia se instalado no pé esquerdo. Droga!
Já fiz trocentas corridas com bolha no pé, de forma que aquilo não foi
exatamente uma novidade na minha carreira.
Achei a prova bem organizada, com muitos postos de água. O
tempo estava quente e eu pude dar uma de Queniano, jogando um copo inteiro d
água sobre o boné (sempre adoro essa parte!). Lá pelo quilômetro 13 bateu uma
fome tão grande quanto repentina. O retardado aqui havia comido só um pãozinho
com margarina antes de sair de casa. Trouxa! Burro! Mané!
A cada km a fome aumentava mais e mais. Comecei a ficar
desanimado, com o estômago embrulhado, cansado e ainda com a tal bolha fazendo
o pé latejar. Mas você acredita que, mesmo assim, eu estava curtindo a prova?!
Encontrei uma senhora de uns 50 e poucos anos que corria um
pouco à frente, num ritmo parecido com o meu. Apertei o passo até alcançá-la e
corri junto com ela por um bom tempo. Até que chegamos ao zoológico. O lugar é
lindo! Apesar de ter uma subida longa, o percurso de uns 2km é todo arborizado.
Para quem já está todo suado e cansado de correr no sol forte, aquela sombrinha
era tudo de bom! Quase no final da subida, notei que a senhora foi ficando
para trás. Diminui meu passo até ela ficar do meu lado novamente. Ela agradeceu
como se eu houvesse lhe dado um presente caro! "Eu tenho que continuar do
seu lado, moço (adorei o "moço"!), se eu ficar pra trás, vou acabar
desistindo", ela disse. Corrida de rua tem dessas coisas: não estamos uns
contra os outros, e isto acaba gerando um certo espírito de companheirismo, de
camaradagem.
Faltando pouco mais de 2km para o final, senti um princípio
de câimbra na coxa direita (o que é bem raro. Nem me lembro da última vez que
tive câimbras) e resolvi caminhar um pouco. Acenei para que a senhora seguisse
o caminho dela e fui até o meio-fio para alongar a perna.
Após uns poucos momentos eu já me sentia pronto para encarar
o finalzinho da prova. Voltei a correr mas, nos 500 metros finais, a tal
câimbra voltou. Diminui drasticamente o ritmo e um corredor que passava por mim
bateu no meu ombro e perguntou se eu estava bem. Ao ouvir que sim, ele falou
uma frase "de filme" que vou me lembrar por um bom tempo: "então
vem que a vitória é nossa! Não pára!"
Aquilo foi como uma injeção de ânimo direto na veia.
Aumentei o ritmo e corri junto com o cara. Uns 100 metros à frente, ele
fez a mesma coisa com outro sujeito que estava caminhando: bateu no ombro,
perguntou se o cara estava bem e, ao ouvir que ele só estava cansado, gritou
para que o cara nos seguisse!
E fomo os três, dois capengas e o "samurai". Quase
no finalzinho ainda "arrebanhamos" uma mulher que também estava
caminhando. Foi incrível!
Minha coxa já queria me quebrar na porrada de tanta dor
quando, nos últimos metros, eu vi minha família! Todo mundo gritava: "vai
Toninho! vai Toninho!". O El me deu a mão mas, ao invés de apenas tocar na
mão dele, eu a segurei firme. Ele correu comigo e cruzamos juntos a linha de
chegada.
Eu e os dois companheiros agradecemos efusivamente nosso
amigo anônimo pela força. Ele nos cumprimentou a todos (inclusive o El) e não o
vi mais.
Terminei os 21km com a coxa doendo. Acho que, sem perceber,
eu devo ter jogado o peso do corpo para o lado direito pra compensar o
incômodo causado pela bolha no pé esquerdo. Sei lá.
O certo é que demorei duas horas e 23 minutos para concluir
o percurso. Um tempo lamentável. Mas tudo bem. Não fosse a dor na coxa, acho
que ainda conseguiria correr mais uns 9 ou 10km. Moral da história: tenho que
ficar esperto se quiser fazer a maratona do Rio.
E eu quero!
Encerro este texto convidando a colega de corridas, Eneida,
a fazer - ela também - um post aqui no blog, contando como ela encarou os 5km.
Fala ai, Beim!
Ah, não posso deixar de mencionar a marca histórica do amigo
Carlos Henrique: o sujeito cravou 1hora 50min nos 21km!!! Aê Carlos!!!
6 comentários:
Ah, meu BeinS2, primeiramente os parabéns!!!
Você venceu mais uma vez!!!
Ok, posso falar sim sobre a minha maratona dos 5 km! ;P
Foi muito legal!
Beijo!
Sucesso sempre!!!
Parabéns pela sua vitória pessoal. Parece loucura, mas chegar todo quebrado no final ainda nos traz uma felicidade muito grande... só quem corre entende isso. rs
Te espero todos os domingos de junho para treinarmos na pampulha para o Rio. Falta pouco e esse mês tem que ser marcado pela dedicação e superação.
Parabens Toninho p/ vç e o Carlosdois atletas determinados sucesso sempre por aqui continuo na m/ forte torcida abçs p/ vçs de D. Córa
Valeu Beim!
Blz Carlos, estaremos juntos lá!
Aê Mãe!!! Num pára com as caminhadas não!!!
Toninho!!! Parabens pela corrida fico feliz que voce deixou seu orgulho de ter que completar a prova em uma marca pessoal e preocupou com a grande maratona, mas nao posso posso deixar de fazer uma observação.. PO TONINHO cade o exemplo??? como assim voce jogou a espuminha no chão??? rsrs
Abraços!!!
Marcelo Pizarro
parabéns! e o grande dia se aproxima!
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