sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Academia da Morte (Cuidado: imagens fortes)

Caro leitor,
Começo o texto de hoje com um aviso para que fique bem claro: este post possui imagens fortes - não prossiga se você for sensível à visão terrível de pessoas sofrendo e sendo massacradas em aparelhos de ginástica!

Ah... Continuou com a leitura? Ignorou meu aviso, né?
Eu sei de tudo: você tem um lado masoquista... Eu sabia! Está até curioso porque já desconfia que falarei sobre o MEU PRÓPRIO sofrimento... E vamos por sofrimento nisso!


Tudo começou na semana passada quando reiniciei as atividades na academia da morte (onde os fracos realmente não têm vez), depois de ficar bastante empolgado com a decisão do meu amigo e cliente Luiz Felipe, que decidiu entrar de vez para o maravilhoso mundo das corridas de rua. O Luiz se matriculou na academia, e aí eu pensei: - não posso ficar pra trás! Fui eu quem o incentivou, e essa conversa de 'o discípulo supera o mestre' não pode ser levada assim tão a ferro e fogo...
E foi assim que eu entrei pro sofrimento, digo - pra academia.

A dona da academia é minha amiga (isto é, eu pensei que fosse!). Há muito tempo eu vou neste mesmo lugar, sempre na hora do almoço, mas só ia para correr na esteira. Eu era meio que o 'ogro' de lá, porque entrava, corria, tomava banho e saia. Só! O pessoal 'bombadão' às vezes ficava me olhando com cara de quem não entende... A Ana (dona da academia) também achava aquilo meio esquisito, mas como eu pagava em dia e era um sujeito legal, ela não reclamava.
Quando falei pra ela que desejava fazer uma ficha e iniciar o tal 'reforço muscular' eu notei um sorriso estranho no canto da boca dela... Aquilo não me cheirou muito bem. Voltei no dia seguinte pra começar os 'treinos' e outra surpresa: o Bernardo, marido da Ana e também meu amigo, estava lá. Isso fez acender o alerta vermelho dentro de mim, porque ele NUNCA vai lá na hora do almoço.
E eu comecei. Foram 40 minutos de tortura inenarrável. Nem preciso escrever nada, as imagens falam por si!






No final do sofrimento, a Jenifer (funcionária que ficou encarregada de me torturar) disse: "O primeiro dia foi mais tranquilo, pra você ir se adaptando..." Eu quis fazer meu olhar de ódio pra ela, mas até as pálpebras doíam!
E pela primeira vez desde a maratona, eu sentia dor em partes do meu corpo que eu nem lembrava que existiam.
Tomei banho do jeito que deu (meu braço não levantava mais; só deu pra lavar as partes baixas) e fiquei muito feliz quando consegui chegar no escritório e sentar na minha cadeira!
Os dias foram passando e o massacre continuava. Eu mal entrava no recinto e a Jenifer já dava aquele sorrisinho maquiavélico...
E eu aguentei, caro leitor! Sofri (quase) calado. Gemi algumas vezes, mas aguentei firme. Afinal de contas, fui eu mesmo que pedi pra Jeniffer: 'me incentive! Não me deixe fraquejar!'

Até que, cansado de apanhar, ontem eu decidi que merecia ter um 'day-off' de treinos, e ficar o horário todo só correndo na esteira. Antes de sair de casa, peguei a roupa de corrida (short curto, cronômetro e tênis macio) e fui todo feliz.
Assim que comecei a correr, Jeniffer já foi buscar a ficha de tortura. Eu disse a ela meio sem jeito: 'hoje vou te dar folga! Ficarei só na esteira mesmo... pra relaxar!'
- DE JEITO NENHUM! o berro estridente ecoou pelo ambiente. "Você vai sofrer - ops, quer dizer: malhar - sim senhor"!
Tentei enfrentá-la, mas desisti quando lembrei que ela é mais forte que eu.
E lá fui eu, trocar a esteira confortável e macia por séries e mais séries de abdominais que faziam minhas entranhas quase saírem pela boca.
Pensando que eu poderia não suportar tanto sofrimento, temeroso de que aquela sessão pudesse por fim à minha carreira 'acadêmica' (e talvez à minha vida!), eu pedi à Jeniffer que documentasse a pancadaria, tirando umas fotos do massacre.
E ela fez isso. Na hora da foto, eu até tentava fazer cara de paisagem, mas aí mesmo é que eu sentia dores indescritíveis que atingiam desde o dedinho do pé até o fio do bigode. Saí de lá tremendo!
Mas você acredita que eu já tô até gostando de sofrer?!?! É sim! Minhas pernas e meus braços estão doloridos, mas sinto que tenho mais disposição e energia!
O pé não está doendo e, aos poucos, a vida vai voltando (mais ou menos) ao normal.









Mudando de assunto (afinal, a parte boa de ser autor do blog é justamente poder escrever sobre qualquer coisa!), há uma coisa que eu quero muito que fique registrado para a posteridade aqui no blog: hoje é sexta-feira. Eu acordei animado e resolvi vir trabalhar devagarinho, curtindo a estrada no meu Monzão. Fui à garagem, retirei a capa e o bichão apareceu! Lindo! Limpinho! Brilhando!
Mas aí descobri que um dos pneus havia esvaziado. Eu praticamente só uso esse caro aos domingos, pra ir de casa até a orla da Pampulha correr. É uma importante parte do meu ritual de corrida.
Só que, depois que comecei a treinar com a Luíza, deixei o possante meio abandonado (ela, e todo o resto da família -  incluindo o cachorro - se recusam terminantemente a entrar na máquina. Penso que meus familiares são modestos e não gostam de ficar se exibindo num carrão desses...).
Pois bem, troquei o pneu e fui até a borracharia consertar o outro. E é aqui que eu queria chegar: na borracharia, conheci o Sr. Leucídio (Lilico, para os mais íntimos - disse ele). Um senhor de setenta e poucos anos com ótimo humor! Conversamos muito tempo enquanto ele consertava o pneu. Leucídio me contou - sem fazer drama algum - que tem um filho de 38 anos viciado em drogas. "Meus outros filhos estão casados. Todos trabalham e me ajudam a cuidar do mais novo", disse ele. Ele próprio, o Leucídio, me narrou sua experiência terrível com o alcoolismo "até que fui salvo pelos A.A. e pela Igreja". Há quinze anos ele não bebe "Deixei Jesus entrar na minha vida, e ela mudou pra muito melhor. Com a ajuda daquele povo do AA, me libertei do álcool e de um tanto de coisa ruim". Assim, ele disse entender o que se passa agora com o tal filho. "Eu posso trabalhar, e ainda consigo sustentar a família - graças a Deus!". - Meus netos almoçam aqui em casa (a borracharia fica ao lado da casa dele). Dá despesa, mas eles alegram os dias...

Saí de lá com uma hora de atraso, mas saí leve pra caramba! Eu e Seu Leocídio nos tornamos - sei disso! - grandes amigos hoje!

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