segunda-feira, 6 de abril de 2015

Um Caminho para renovar a Fé

"Tudo o que o nosso sonho precisa para ser realizado é que acreditemos que ele possa ser realizado."

No próximo domingo darei início à grande aventura de pedalar 429 quilômetros pelo Caminho da Fé, indo da pequena Tambaú até a cidade de Aparecida/SP. Como este blog funciona como um diário, registrando momentos marcantes da vida desse corredor metido a blogueiro, postarei (a menos que eu passe a noite em um lugarejo sem 3G) a cada dia (serão 6,5 dias para concluir a viagem) um relato resumido do trecho percorrido. Da mesma forma que nos outros mil posts, o primeiro objetivo aqui é deixar o relato desse que, pra mim, será um grande desafio. O segundo objetivo é compartilhar com cada um dos meus seis leitores, o dia a dia dessa expedição solitária.


O Caminho da Fé é um roteiro de peregrinação inspirado no famosérrimo Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. A ideia de percorrê-lo surgiu há algumas semanas, quando eu estava no hospital acompanhando meu pai. Minha mãe havia colocado uma pequena imagem de N. Sra. Aparecida ao lado do leito dele e, numa daquelas noites intermináveis, eu me peguei olhando pra imagem e pensando na vida. Eu já havia lido algo sobre o caminho, e aí veio o estalo! "Quando papis sarar, vou fazer essa viagem!". Papis vai muitíssimo bem, obrigado! Então... É nóis na trilha!
E tudo foi uma coincidência engraçada! Desde Janeiro deste ano eu sabia que teria uns dez dias de folga agora em Abril. Como não é época de férias, não daria pra viajar com a família - e eu não me sentia bem pensando em fazer uma viagem turística sozinho (até porque, mesmo que eu quisesse, ninguém em casa ia deixar, e eu ainda ia levar bronca até do cachorro!). E qual não foi minha surpresa, quando - ao falar da peregrinação pra Eneida - ela me disse: vai lá!

Aí eu animei!
Liberdade voltando da revisão

Pesquisei na Internet, olhei sites e fóruns de cicloviagem, e a ideia foi tomando forma.
Eu ainda estava meio indeciso quando as coincidências começaram a ocorrer. Primeiro conheci uma moça, a Adriana Martins, que me disse ter iniciado e estar amando mountain bike. Depois outros amigos começaram, do nada, a falar de sonhos e metas que, apesar de diferentes, sempre tinham relação com uma "grande aventura" que eles queriam muito fazer, mas que nunca se concretizava (faltava coragem, faltava grana, disposição, faltava isso, aquilo...)
E eu passei a encarar esses 400 e poucos quilômetros como uma oportunidade de ter um encontro comigo mesmo; de refletir, de rezar (dizem que há capelas e santuários nos picos das montanhas), de me melhorar ou, como muito bem disse minha amiga virtual Camila, 'buscar o que há de bom dentro de mim'. Ao desejar boa Páscoa ela escreveu "porque a verdadeira ressurreição está dentro de cada um de nós".

E foi a grande amiga Lilian Caixeta que, sem saber, me ajudou demais a fazer com que a decisão fosse definitivamente tomada ao narrar a passagem lindíssima do livro do Amyr Klink em que ele diz:
"Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância nem do isolamento, um vazio que invade as pessoas e que a simples companhia ou presença humana não podem preencher, solidão foi a única coisa que eu não senti, depois de partir. Nunca. Em momento algum. Estava, sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só." (Cem dias entre céu e mar. Amyr Klink. p 147.)

Não havia mais dúvida. Eu PRECISO ir. Fiz uma revisão na bike que me foi doada (mesmo que ele, talvez, não tivesse tido essa intenção) pelo grande amigo Stefan, e a rebatizei de LIBERDADE (fala a verdade, leitor: esse nome foi muitíssimo bem escolhido, não acha?!).
Liberdade ganhou uma suspensão dianteira, banco próprio para cicloviagem, novo guidão, ciclocomputador novo (um Cataye 8) e um bagageiro que eu mesmo adaptei.
Colocando acessórios

Eu mal havia começado a escrever o texto quando outro amigo, o Marcos Noé, me chamou pra dizer que havia comprado um presente pra minha viagem, um livro Espírita que, pela descrição dele, parece ótimo (ele só irá me entregar na quarta... Grrrrrr!).
Mas está ficando tarde e eu preciso encerrar este texto (é aquela coisa que você que acompanha o blog vive me falando nos comentários: "textos curtos, Antônio! Textos curtos!") antes que eu perca de vez os meus dois leitores.
Liberdade pronta para partir!

Amanhã escreverei novamente contando (vou tirar fotos também) o que vai na bagagem.
Deseje-me sorte, amigo leitor. Outra grande jornada vai começar!




"Fé é assim: primeiro você coloca o pé, depois Deus coloca o chão".

E viva meus 48 anos!!!

4 comentários:

Lilian Caixeta disse...

Uau! Fiquei emocionada! Eu que guardei essa passagem do livro tanto tempo no meu celular pensando em qual momento ela seria publicada no Facebook, de repente depois de um bate papo casual onde você falou sobre amizade, ela me surgiu à cabeça. E agora se tornou importante na sua tomada de decisão! Com certeza será uma viagem fantástica, pena que sou cagona e não teria coragem de de fazê-la, mas acompanhar as fotos e postagens que você prometeu nos colocará nesse momento, nesse sonho. Você com certeza fez uma boa interpretação das mensagens de Deus, gostaria de ter essa sensibilidade também, assim eu não escolheria tanto os caminhos errados... talvez tortuosos da vida.
Lilian

Eneida Freire disse...

E então???!!!!!!
"Quem tem olhos de ver, que veja", não é isso?!
Não há como estar só!
Mas necessitamos de períodos para esvaziar a mente!
Mergulhar dentro de nós mesmos, sem receio, com coragem!
Sentir-se só é pensar-se como uma onda no oceano, em vez de abrir os olhos e ver que somos parte do oceano!
Que todo caminho seja de fé!
Pois, como diz O Rappa, "pra quem tem fé, a vida nunca tem fim"!!!
Bora lá!!!
Sucesso!!!

Antonio Horta disse...

Lilian, muito obrigado! Por ter lido o post (agora já tenho sete leitores!!! Uhu!!!), por ter relatado pra mím a passagem do Amyr Klink (que foi sim, decisiva nessa jornada), por se fazer presente (mesmo que virtualmente) e por ser minha amiga. Valeu demais!

Antonio Horta disse...

Como eu te falei lá no FB, Que palavras bonitas, Beim Eneida!
Eu sei que não vou sozinho, sua energia me acompanha. Ela sempre me acompanhou. Te amo.