segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

25 quilômetros


São 22 horas de uma segunda-feira qualquer. Cá estou eu, sentado em frente ao computador, fazendo as coisas que costumo fazer nas segundas-feiras normais.
Hoje cedo deixei as crianças na escola, resolvi umas coisas da obra, fui à fábrica, tudo como sempre faço. Estacionei o carro no lugar de sempre lá na fábrica, minha
sala estava como sempre esteve. Trabalhei o trabalho de sempre e agora estou em casa. Está tudo como sempre foi nos dias de segunda.
Mas eu estou diferente.
Ontem, pela primeira vez (e, se não fosse o Carlos poderia ter sido última) em 44 anos de existência eu corri por 25 kilômetros. E isto mudou alguma coisa.
Apesar de sentir o corpo todo dolorido, há em mim uma sensação de bem-estar, uma coisa boa e calma. Se você estiver disposto a ler, quero te contar como foi a
experiência.

Durante toda a semana passada, eu esperei ansiosamente pelo domingo. Minha programação era aproveitar o sábado para relaxar, me divertir, me alimentar bem e deitar
cedo, de modo a estar preparado para a corrida do dia seguinte.

Mas eu havia esquecido de combinar este plano com Deus, e as coisas acabaram saindo um pouco diferentes do que eu pensava.
Pela manhã, acordei cedo e fui à pé até a padaria (são raros os dias em que consigo comer pão fresco). Quando voltei com o pão, a casa estava com aquele cheirinho do
café que minha mulher fez. Tomamos café, acordamos as crianças e nos aprontamos para ir ao clube.
Momentos antes de sair, eu recebo uma ligação e descubro que teria que ir até a fábrica para salvar a humanidade uma vez mais.
A esposa segue com os meninos pro clube e o escravinho aqui vai pro lerê. Resolvido o problema, parto direto pro clube.
O dia de sábado foi perfeito: brinquei com meu filho até cansar (até EU me cansar, porque ele não cansa nunca!), conversei com os amigos e curti bastante.

Voltamos para casa à noitinha, para que eu tivesse minha maravilhosa noite de sono.
Mas minha cunhada ligou, nos chamando para sair. O El ficou insistindo para que fôssemos (o sujeitinho só tem dez anos e já queria ir pra balada! Vale isso Arnaldo?!).
O sábado era dele, e acabamos saindo para um bar no bairro Bandeirantes. O Pedro, namorado da Iza, foi com a gente e a noite foi muito legal.
Só que não acabou nunca!
Cheguei em casa à meia-noite, depois de me empanturrar de batata frita.
Acordei cansado e com gosto de molho de queijo na boca. Por sorte não bebo álcool, senão a coisa seria muito pior.
O Carlos me pegou em casa às 7:15 e fomos para o museu de arte, onde começaria nossa aventura.

A corrida
Saímos às 7:35hs em direção à barragem. Corremos tranquilamente por 9km até o Marco Zero. No caminho fomos conversando sobre maratonas, computação e, como não poderia
deixar de ser, sobre nossas respectivas mulheres (minha mulher é irmã da mulher dele). Foi uma conversa muito engraçada porque todas as coisas que eu falava que
aconteciam lá em casa, ele dizia que era o mesmo na casa dele. E tudo que ele falava da casa dele era - exatamente igual - lá em casa. Foi uma importante descoberta
científica: as esposas implicam com a gente sempre pelas mesmas coisas. Elas seguramente têm um manual com os 101 melhores motivos para discutir em casa, indo desde a
falta de tempo que temos para elas, passando pela tradicional reclamação sobre os nossos amigos do sexo feminino, sobre comentários que fazemos no facebook (esse
destruidor de lares!) e indo até... Ah, chega disso! Vamos voltar pra corrida.
No marco zero comprei gatorade (desenvolvi uma habilidade para ir gritando de longe o que quero para o cara da barraca, de forma a não ter que parar mais de um minuto
para pegar a bebida e pagar). Seguimos viagem e, na altura da toca da raposa, saímos da orla e corremos por 3,5km em direção ao Ceasa. Foi ai que o bicho pegou. O sol
ficou muito forte e não havia vento.
Sete quilômetros depois, quando retornamos à orla, eu senti que estava começando a ficar desidratado. A boca estava seca e eu estava com muita sede.
Tentamos comprar água em outra barraca, mas eles não tinham mais. O jeito foi continuar correndo. O Carlos sentiu que alguma coisa estava errada e me ofereceu o cantil
dele (e eu que achava que aquele cinto com a garrafinha coisa de boiol... Aquilo salvou minha corrida!).
Só na AABB, depois de correr 20km, finalmente conseguimos comprar água. Joguei metade de uma garrafa sobre o corpo e fui bebendo pequenos goles enquanto corria.
Naquela última parte da corrida, eu senti no corpo a falta que faz uma boa noite de sono.
Faltando um quilômetro para o final, eu parei novamente para comprar mais água e o Carlos seguiu na frente.
Cheguei 2 minutos depois dele, e isso foi MUITO BOM porque - quando terminei - ele já estava me esperando com uma garrafa de gatorade na mão. O melhor gatorade que já
tomei na vida.

Não foi um treino fácil. Cheguei quebrado, morto de cansaço e com uma bolha no pé.

Mas cheguei!

O treino foi muito bom porque me fez ver que ainda tenho um longo caminho a percorrer se quiser completar a maratona do Rio.
E o pior de tudo: preciso MESMO perder peso. Não muito, mas sinto que emagrecer uns bons três quilos fará muito bem às minhas pernas e costas.

Pra você ter uma idéia de como estou cansado, essa é a primeira vez que escrevo um texto sentado na cama.
Mas estou muito feliz. Eu venci a mim mesmo. Com a ajuda do Carlos, consegui fechar os 25km em 2 horas e 49 minutos, contando o tempo das paradas.
Eu venci os 25km, e isto mudou alguma coisa dentro de mim. Ainda não sei direito o que foi, mas me sinto mais forte, mais confiante talvez. E isto faz bem.

Agora vou me deitar (as costas estão reclamando!). Amanhã farei um "regenerativo" (corrida bem leve) de 8km, para voltar o corpo pro lugar.
Depois eu te conto como foi. Me deseje sorte.
É Nóis!

8 comentários:

Yeda disse...

Poxa vocÊ estava indo tão bem.... mas foi falar da sua esposa. Vou ser obrigada a defendê-la, não são as mulheres que tem 101 motivos para discutir em casa, são os homens que tem 101 motivos para nos irritar!!!! rs rs rs

Parabéns pela conquista! que seja o primeiro dos vários longões.

Apenas cuide da hidratação, não dá para ir treinar sem um planejamento de como hidratar.

Antonio Horta disse...

Tem razão Yeda, ao menos com relação à hidratação (homens são bonzinhos - e nunca irritam suas esposas! A culpa é sempre da TPM!!! )
Falando sério: este treino foi diferente. Até minha sobrancelha tá dolorida agora, mas estou realmente feliz por ter conseguido.
Obrigado pela força. Por favor, continue na torcida: mês que vem tem mais!

Eneida Freire disse...

Foooorrrrça, meu BeinS2!!!
Parabéns!!!
Beijo!
E valeu a defesa, Yeda!!! :)

Carlos Henrique Diniz Ferreira disse...

Parabéns Toninho!
Correr 25 kms naquele sol não foi fácil. 42 kms é muito chão e pra chegar lá é necessário muita dedicação.
Vamos outro em breve.

Tia Rita disse...

vou sintetisar numa frase apenas:
"você é o orgulho da família".......
parabéns!!!!!!!!!
e vamu que vamu!!!!!

Anônimo disse...

isso ainda é pouco p/ quem é filho de D. Carmem e D. Córa, parabens, Carlos e Toninho, Deus continue abençoando vçs, como sempre, vçs merecem, fiquem c/ Deus e muito animo, fortaleza meninos. A vida é dura só p/ quem é mole né?rsrsrsD. Córa

railer disse...

vamos parar de ficar falando das minhas primas, hein! hehe

peraí... vc corre conversando? é isso mesmo?

Antonio Horta disse...

Valeu gente!
- Tia Rita, que "orgulho da família" que nada! Mas vou aqui, tocando meu bonde...
- Carlos, muito obrigado por ter me acompanhado. Eu não teria conseguido sem sua ajuda.
- Railer, fomos conversando sim - eu e o Carlos, mas só até por volta do oitavo km. Sabe o que é engraçado? No meio do percurso, lá pelo km 15 ou 17, a gente corria em silêncio. Mas a sensação de ter um parceiro correndo do lado dava uma segurança danada. Foi um treino pra ficar gravado na lembrança.
É nóis!